Ateismo presente em legado de Raul Seixas




GRANDE RAUL SEIXAS
Raul dos Santo Seixas (Bahia, 1945-1989) transformar a música, de instrumento poético em instrumento filosófico, discutindo desde questões políticas, até questões metafísicas e existenciais, tudo isso de forma bem humorada, mas acima de tudo numa linguagem acessível a qualquer pessoa.

Quando Raul morreu , muitas missas foram rezadas por ele ( inclusive uma na Catedral da Sé , em São Paulo, onde o padre leu um poema e São Francisco de Assis , cuja autoria é atribuída a Raul Seixas). Mas será? talvez poemas de tempos mais antigos, pois Raul passou por várias fases. A hipótese é que ele havia se tornado ateu em seus ultimos anos de vida, mas isso só iremos saber quando todos seus escritos pessoais vierem a publico. Enquanto isso não acontece tentaremos procurar pistas em sua obra.

Em uma entrevista em 1980, para o jornal Canja, Raul fala ao reporte que não é religioso nem místico, ele diz "o que posso chegar mais perto enquanto classificação é o agnosticismo" e foge do assunto dizendo que entende mais de musica e muito de cinema. Talvez por ter constríndo um publico místico e temia que uma entrevista complicasse sua intimidade de quase um guro com os fãs e principalmente a ditadura.(Raul Seixas Por ele Mesmo p. 134)

A idéia que Raul era ocultista é real, mas ele demonstra que saiu de uma forma rebelde, demonstra não enxergar nenhum valor maior na sociedade A.A. Em entrevista ele conta que em1976 ele pegou o pergaminho sagrado da A.A como protesto enrolou e queimou um baseado. Nas suas próprias palavras "enrolei um baseado em um papiro egípcio, queimei o papiro deles, que era tido como coisa sagrada, eles me botaram para fora". (Raul Seixas Por ele mesmo p.142) Mas para frente ele diz " O que é, é. E será sempre. Não adianta mentir, mistificar" p. 143.

Também Raul comenta que havia feito uma musica que chamada " Decálogo" ao qual trataria de pessimismo, metafísica e o agnosticismo, mas percebeu que não era ainda o momento. (Raul por ele mesmo p. 154)

Em muitas musica seu agnosticismo aparece, as vezes em forma de humor e as vezes direta e na ferida dos teistas. Abaixo seguem algumas.

Só prá Variar, onde Raul diz:

Antes d`eu me confessar com o padre , neném
Vou comer três quilos de cebola!
Vejo de perto o Papa - ai que luxo, meu bem!

Na música S.O.S Raul diz que andou perdendo um tempo danado quando diz com orações:

Andei rezando para Tótens e Jesus
Jamais olhei pro céu
Meus disco voador, além...

Em Nova Aeon Raul fala sobre a liberdade:

Sociedade Alternativa,
Sociedade Novo Aeon
É um sapato em cada pé
Direito de ser ateu e de ter fé
(...) Direito de ter riso de prazer
E até direito de deixar Jesus Sofrer!

Observem, porque aqui também se exige um pouco mais de atenção. Para assim perceber que Raul mostra a controvérsia da religião cristã:

Eu vi Cristo ser crucificado
O amor nascer e ser assassinado.
Eu vi as Bruxas pegando fogo
Prá pagarem seus pecados!

Em alcapone ele fala para abandonar a idéia de deus:

Hei Jesus Cristo, o melhor que você faz
É deixar o pai de lado, foge prá morrer em paz.

Em Baby Raul critica a idéia de pecado:

A madre da escola te ensina
A reconhecer o pecado
E o que você sente é ruim
Mas, baby: Deus não é tão mau assim!

Em Paranóia ele descreve a tragédia emocional que a educação religiosa consegue fabricar no coração das crianças, com a idéia de que Deus vigia em todos os lugares. Na música Eu sou Egoísta (versão original), ele demonstra que matou Deus:

Onde eu estou não há sombra de Deus!

2 comentários:

  1. Esse artista não me engana. por trás dele rugi a antiga serpente. Veja que é uma idolatria atras da outra em cada musica.

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  2. "Mas é que lá em cima Lá na beira da piscina Olhando os simples mortais Das alturas fazem escrituras E não me perguntam se é pouco ou demais" música Judas

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