Pano que teria envolvido Jesus Cristo depois da crucificação é falso ou verdadeiro



Pano que teria envolvido Jesus Cristo depois da crucificação
é falso ou verdadeiro?
Na edição do ano passado do Fantástico foi reaberta uma discussão sobre um dos principais pilares que fazem com que os cristãos, em especial os católicos, continuem sustentando a sua crença em um dos principais líderes religiosos, Jesus.

Um pesquisador especializado em história da arte mergulha em uma grande investigação e reabre a discussão sobre um dos maiores mistérios da Igreja Católica. Afinal, o Santo Sudário, a peça de pano que teria envolvido o corpo de Jesus Cristo depois da crucificação, é falso ou verdadeiro?

Segundo a tradição, no domingo, que é domingo de Ramos e marca o início da Semana Santa, é lembrado o dia em que Jesus entrou em Jerusalém para passar pela paixão, morte e ressurreição.

A Basílica do Santo Sepulcro não é um templo convencional. Lá dentro, a gente encontra dezenas de construções, capelas e altares, há pouco espaço e pouca luz. E muita gente se pergunta, como é possível que nesse lugar relativamente pequeno tenha existido uma colina, um jardim e um cemitério, como é descrito na Bíblia o lugar onde Jesus teria sido crucificado e enterrado logo depois.

Ao lado da porta de entrada, tem uma escada. Ela nos leva até o gólgota, uma colina que ficava cinco, seis metros mais acima, hoje encoberta pelas edificações do templo. Esse aqui é o lugar onde, para a maioria dos cristãos, Jesus foi pregado na cruz. Todos os dias, milhares de fieis sobem 19 degraus para conhecer o maior símbolo da fé.

“É muito difícil descrever a emoção que a gente sente. Só vindo aqui para sentir”, observa a corretora de seguros Iedna Maria de Albuquerque Silva.
Ortodoxos gregos, armênios, católicos franciscanos, sírios e etíopes cada um tem o seu pedaço da Basílica.

Os franciscanos entram no sepulcro. E a nossa câmera acompanha o momento em que eles rezam em silêncio sobre a pedra de mármore, onde Jesus teria sido sepultado. Segundo as escrituras, aqui Jesus venceu a morte no terceiro dia. A presença constante dos fiéis nesse lugar remonta aos primeiros anos da era cristã, mas a sepultura já foi destruída completamente. E, segundo os historiadores, não é possível saber se existe aqui algum pedaço de pedra original dos tempos de Jesus.

Seria esse o lugar a ressurreição de Cristo? A menos de um quilômetro dali, saindo da cidade velha pela porta de Damasco, e entrando no lado oriental de Jerusalém, chegamos ao lugar que também recebe milhares de turistas. É o Jardim da Tumba. Alguns indícios levaram estudiosos a acreditar que Cristo pode ter sido crucificado perto dessa colina, que lembra a imagem de uma caveira.

Há muitos detalhes que alimentam essa polêmica sobre a localização exata do túmulo de Jesus. Mas nada é mais importante para os cristãos do que o que está escrito nessa placa. Ele não está mais aqui. Porque ele ressuscitou.

Os evangelhos contam que no terceiro dia depois da morte de Jesus, Pedro e outro apóstolo entraram na tumba e viram jogado no chão o lençol que teria envolvido o corpo de Cristo. Seria o Santo Sudário, descoberto na Idade Média, muito depois da crucificação.

Quem defende a autenticidade do Sudário destaca, por exemplo, que a marca dos pregos está nos pulsos, e não nas mãos, como aparece nas pinturas. Se Cristo tivesse sido pregado pelas mãos, elas não aguentariam o peso do corpo e se rasgariam. Outro sinal, seria o ferimento provocado pela lança de um soldado romano, que é mencionado na Bíblia. E na cabeça, estão as marcas da coroa de espinhos, com sangue escorrendo. Um livro que está sendo lançado agora traz de volta essa grande polêmica.

Ciência e fé jamais concordaram. De acordo com os evangelhos, foi Pedro - acompanhado de outro discípulo - que encontrou o Sudário dentro do túmulo em que Jesus havia sido sepultado. Para os crentes, uma prova da ressurreição. Para os céticos, um indício de fraude.

O historiador de arte, Thomas Wesselow, que mora em Cambridge, na Inglaterra, decidiu investigar as supostas provas e os inúmeros argumentos de quem acredita e de quem nega a autenticidade do Sudário. O resultado da pesquisa que durou sete anos foi um livro de quase 500 páginas.

“Tento explicar que ele é a origem da crença na ressurreição de Cristo. E foi essa crença que deu início ao cristianismo. Eu explico no livro que o nascimento da religião cristã vem da percepção de um milagre. E atribuo essa crença ao extraordinário descobrimento de uma imagem na roupa mortuária de Jesus”, responde Wesselow.

O autor não arrisca dizer que o Sudário é prova cabal da ressurreição. Segundo ele, comprovar ou desmentir que Jesus ressuscitou não foi seu objetivo.

“Fiz questão de mostrar apenas que o Sudário foi a semente da fé. É crucial entender que naquele tempo as pessoas viam imagens como algo místico. Principalmente as imagens naturais, como sombras e reflexos. E o Sudário, por conter uma imagem, foi percebido como uma cópia viva de Jesus”.

Para os céticos, o pano teria sido forjado. Uma pintura barata, mal feita, de um suposto homem ensanguentado. Uma enganação.

Mas, no fim do século 19, ao fazer uma foto do Sudário, o fotógrafo Secondo Pia notou que a imagem aparecia em negativo. Dava para ver, principalmente o rosto, em alto relevo, de forma tri-dimensional. Mais tarde foi possível também constatar que as manchas no pano eram mesmo de sangue. A descoberta causou um rebuliço na Igreja e também na ciência.

O escritor do novo livro sobre o Sudário observa que ninguém costumava pintar com sangue na Idade Média, época em que o Sudário teria surgido. Mas, para ele, a principal prova da autenticidade do Sudário são os grão de pólen encontrados na trama do tecido: eram de plantas da região do Mar Morto. Além disso, foi detectado mofo que coincide com o encontrado ao redor de Jerusalém.

Novamente os céticos apresentaram explicações. Tanto o pólen quanto o mofo poderiam ter sido trazidos por pessoas que estiveram na Terra Santa e que depois manusearam o Sudário.

Para tentar acabar com a polêmica, em 1988, quando a igreja finalmente permitiu que fossem feitos testes de carbono 14, que permitem apontar a idade de qualquer material de origem orgânica.

Os testes foram feitos em universidades de Zurique, na Suíça, de Oxford, na Inglaterra, e do Arizona, nos Estados Unidos. Pedaços do tecido - que aliás coincide com a tecelagem típica do Oriente Médio no primeiro século da Era Cristã - foram recortados para a análise. E os três laboratórios concluíram que o Sudário é um artefato medieval.

Teria sido confeccionado entre 1260 e 1390. A partir desse resultado, a Igreja passou a exibir o Sudário apenas como relíquia histórica.

Os defensores do Sudário dizem que o teste de carbono 14 pode ter falhado, porque a amostra examinada pelos cientistas teria sido um remendo feito no Sudário na Idade Média, depois que ele escapou a um incêndio. Na Itália, onde o Sudário está guardado, a repórter Ilze Scamparini também investiga o mistério dessa relíquia.

O lençol de linho, de mais quatro metros de comprimento, com a imagem de um corpo e de um rosto, que chegou à Itália há mais de 400 anos. É de propriedade da Santa Sé e fica guardado na catedral de Turim, no norte do país.

O Santo Sudário está estendido em um altar, dentro de uma longa caixa lacrada que só pode ser aberta pelo arcebispo de Turim, com a autorização do Vaticano. Dois papas já visitaram esta capela. Em 1980, João Paulo II beijou o lençol de linho que os católicos consideram uma relíquia. Em 2010, na última vez em que o Sudário foi exposto ao público, Bento XVI também esteve aqui, junto com dois milhões de fiéis.

O que ainda ajuda a alimentar o mistério é que até hoje ninguém conseguiu fazer uma reprodução exata da imagem. Os melhores resultados foram obtidos na Universidade de Pavia.

O químico Luigi Garlaschelli usou pigmentos naturais para tentar imitar as marcas impressas no pano. Pintou o corpo de um voluntário e o envolveu no lençol.

"Acho que o Sudário foi feito na metade de 1300, por um artista. reproduzindo esse procedimento, com um envelhecimento acelerado, obtivemos todas as características misteriosas do Sudário", diz ele.

O diretor do centro que coordena as pesquisas mundiais obre o Sudário, Bruno Barberis, reconhece que essa pesquisa foi bem feita. Mas afirma que, no Sudário de Turim, não há presença de óxido de ferro, o pigmento usado na experiência.

"O Sudário é moderno porque fala através de uma imagem. Pode ser um objeto importante para o homem de hoje. Que pode ver uma imagem que o ajuda a compreender o que o evangelho conta."
É possível que futuramente, novos testes possam ser feitos, mas não se sabe nem quando será exposto novamente. Verdadeiro ou falso, para a Igreja o lençol de linho è uma riqueza que pode ser exibida a qualquer momento.

Atualmente a cultura que se sustenta é milhões de pessoas sentando no sofá, em cadeira e no chão para ficar em frente a tv para assistir os repetitivos filmes contando a trajetória do personagem histórico Jesus. A mídia o mitifica e a sociedade (na sua grande maioria) reproduz esse mito. Não há senso crítico. As pessoas ainda não perceberam que elas ao sentarem frente a tv as programadas são elas e, assim os dogmas continuam se alimentando, ou melhor, as pessoas continuam o alimentando. (grifo meu)

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