Saída do Papa Bento XVI ocasionará uma mudança de época, de igreja ou só será fachada?





Agora vem o conclave para mudar de época e de igreja, ou só de fachada. Bento XVI publicou um decreto por meio do qual autoriza os cardeais eleitores a antecipar a reunião para escolher um novo caminho. As nódoas de antes estarão presentes: muitos dos cardeais acusados de encobrir a pedofilia estarão presentes. Os cardeais têm entre 15 e 20 dias para designar seu sucessor. O papa decidiu que o informe realizado por uma comissão de três cardeais sobre os escândalos que açoitaram o Vaticano nos últimos meses permanecerá sob sete chaves: só poderá ser conhecido por seu sucessor

Nada é tão simples. Poderiam se fazer dois livros com uma investigação jornalística e cada um deles aportaria provas robustas sobre a veracidade de uma ou outra tese. O Joseph Ratzinger de antes, o implacável perseguidor dos representantes mais inteligentes da Teologia da Libertação. E o Ratzinger de agora, o homem que assinou dois decretos para sanear o banco do Vaticano, que condenou, excomungou ou forçou a renúncia de padres cúmplices dom os atos de pederastia, o que, nas últimas semanas, removeu de seus cargos dezenas de lideranças com as batinas manchadas de vergonha. E esse mesmo papa é o que suspendeu a excomunhão dos bispos tradicionalistas e reacionários do Monsenhor Lefevbre e anunciou sua renúncia em latim. Muitas coisas diferentes, boas e más.

Se fosse tão fácil decidiu por uma ou outra coisa não teria ficado esse silêncio gelado e solitário que envolveu a Praça São Pedro quando as telas que retransmitiam a cerimônia se apagaram, essa sensação de que nesta renúncia havia algo profundo e surpreendente, escandaloso e doloroso até as lágrimas para quem tem fé, uma ruptura do destino que nenhuma interpretação pode abarcar. Encarnado na renúncia de Bento XVI, o Vaticano ofereceu ao universo cristão um dos episódios mais sórdidos que se conhecem. Não há, em Roma, um livro que não fale de decadência, sexo, corrupção, manipulações, disputas rasteiras, que não evoque, por outro lado, a figura de um papa que quis mover algumas peças e terminou por derrubar o tabuleiro.

Não importa quem será o sucessor, se americano, africano, asiático ou europeu (como é o mais provável), não ocorrerá mudanças bruscas e, ou, rupturas na forma de agir da instituição religiosa, ela continuará perseguindo quem pensa e age diferentemente dos seus ditames, continuará sendo conservadora, retrógrada. ( Comentário do INFORMAÇÕES EM FOCO)



Um comentário:

  1. A Igreja mudará muito devagar. Até porque tem que agradar a todos os católicos e alguns ainda têm uma mentalidade muito fechada. Mas , por causa disso mesmo, continuará a perder milhões de jovens. Acho que pouca coisa vai mudar com o novo Papa, seja ele quem for.
    Um abraço
    Ruthia d'O Berço do Mundo

    ResponderExcluir

Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!