Dia do professor: A escola tem que politizar seus estudantes




Professores da rede estadual de ensino, em Altaneira,
que entraram em greve no ano no ano de 2011 objetivando a
aplicação do piso do magistério. Foto: Montagem do professor 

Paulo Robson.
A perpetuação de um sistema educacional que não ensina as nossas crianças a ler, escrever, interpretar e articular suas ideias é a chaga que propaga em nosso país males como a corrupção, a violência e a miséria.

É corrente em algumas redes de ensino a ideia de que os professores fingem que ensinam, os alunos simulam a aprendizagem e os resultados falseiam a realidade. A consequência mais evidente desse autêntico drama brasileiro é que os votos da população menos (ou não) esclarecida acabam dando sobrevida a políticos que não têm a mínima intenção de aperfeiçoar ou melhorar a educação ou qualquer outra instância da realidade nacional.

Quando ouvimos uma pessoa dizer que um determinado político “rouba, mas faz” - temos que nos indignar e articular respostas e reflexões que ajudem a pessoa a mudar de opinião. Quando ficamos sabendo que alguém vai trocar seu voto por algum favor ou benefício material, temos que nos mobilizar para que isso não aconteça...

E não podemos simplesmente esperar que o voto, por si só, seja capaz de promover as alterações que desejamos para o país ou para a educação. Participamos da democracia quando votamos e, principalmente, a partir do momento que fiscalizamos e cobramos as autoridades quanto aos projetos, ideias e necessidades de nossas comunidades, cidades, estados e país.

A educação é momento primordial de esclarecimento não apenas dos conhecimentos previstos no currículo oficial através de cada disciplina. Os anos de chumbo da ditadura ajudaram a silenciar nossa consciência crítica, a televisão que esvazia os nossos discursos e tolhe o diálogo nos imobiliza e isola, as mentiras e omissões dos políticos se repetem e nos insensibilizam de tão frequentes e impunes.

Professores do município de Altaneira por ocasião da
semana pedagógica 2013. Foto: João Alves
Por tanto, que possamos fazer da educação o caminho para formar, de fato, jovens politizados. Porém, a tarefa é árdua demais, difícil demais, porque os responsáveis pela politização sucumbi ante a realidade e o jogo político.

No nosso dia, faz-se necessário que recorramos ao que nos afirmava o sociólogo Florestan Fernandes "Na sala de aula, o professor precisa ser um cidadão e um ser humano rebelde".  Ser um professor cidadão implica buscar ser também um formador de opinião para que o aluno também o seja.  (grifo meu). Pensar assim vai ao encontro do que ele já nos dizia: “Ou os estudantes se identificam com o destino de seu povo, com ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo, e nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo”.

Professores, professoras, enfim os formadores de opinião que possamos ficar com as palavras de um dos maiores educadores dos últimos tempos, Paulo Freire que na obra Educação como Liberdade nos alertava: ““Defendo a educação desocultadora de verdades. Educando e educadores funcionando como sujeitos para desvendar o mundo”. A educação como prática da liberdade, defendida por ele, enxerga o educando como sujeito da história, tendo o diálogo e a troca como traço essencial no desenvolvimento da consciência crítica.

No mais, para todos nós educadores e educadores e ainda os futuros mestres no processo de ensino-aprendizagem, os nossos parabéns e continuemos nessa luta.

Um comentário:

  1. Pela primeira vez, discordo de você Nicolau.
    Não acho que seja o papel da escola produzir jovens politizados. O papel da escola (que tem que ser articulado com a educação que os jovens recebem em casa) deve ser o de formar cidadãos interessados e conscientes. Ponto final.
    A participação política depende da consciência de cada um e do exemplo que se tem em casa. Por vezes, uma participação na sociedade civil é tão ou mais válida do que a mobilização política (mas isso é o meu ponto de vista muito pessoal).
    Um abraço
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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