Conservadorismo brasileiro, insuflado pela mídia, tornou-se hidrófobo


Tenho, nos últimos dias, insistido num fenômeno que observei e que os fatos, a cada dia, só têm confirmado.

É democrático e respeitável discordar e fazer oposição.

Mas o conservadorismo brasileiro, insuflado pela mídia, tornou-se hidrófobo.

E isso está se voltando contra ela própria.

Imagem ilustrativa/Tijolaço.
Ontem, na Folha, o colunista esportivo Juca Kfouri faz um texto em que, criticando os exageros sectários de parte a parte, elogiou o comportamento de Dilma Rousseff no diálogo com os jornalistas esportivos, semana passada, no Palácio do Planalto.

Foi o que bastou.

Desencadeou-se sobre ele uma tempestade de comentários ofensivos, grosseiros e mesmo xingamentos.

Vocês verão que, com o passar dos dias, isso vai acontecer mais e mais vezes.

Esta campanha passará a uma polarização maior, muito maior, que a de 2010, por obra da direita.
Não importa que isso venha a ser, para ela própria, um harakiri político eleitoral.

Este modesto blogueiro, com os anos de estrada que tem – e, sobretudo, com 20 anos mais do que os petistas em matéria de levar pauladas da imprensa diariamente, Brizola que o diga - não confunde firmeza com histeria, nem clareza com grosseria.

Vivemos uma maré lacerdista como jamais se viveu por aqui, nem com a candidatura Serra, talvez porque não haja outro esteio para suportar Aécio Neves senão o ódio babujante a Lula e a tudo o que ele representou e representa.

E a radicalização da direita está criando todas as condições para que se legitime, num grau muito maior do que numa disputa serena e equilibrada, a participação do ex-presidente como figura de proa pela reeleição de Dilma.

Faz tempo escrevi a aqui que o “volta, Lula” que se criou para desgastar Dilma teria efeito inverso.

Cabe ao Governo e às forças que o apoiam manter, ao mesmo tempo, a firmeza política que passaram a adotar desde abril, quando a curva das pesquisas chegou ao seu ponto mais crítico e a serenidade com as provocações – e não apenas provocações políticas – que vêm por aí.


A análise é de Fernando Brito e foi publicado originalmente no Tijolaço

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