No
próximo dia 25 de julho será celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra
Latino-Americana e Caribenha. Com o objetivo de ampliar e fortalecer a união e
a mobilização das mulheres negras no continente, a data foi criada após o I
Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas em Santo Domingo, na República
Dominicana, em 1992.
Antes
tímida no país, hoje ela é mais articulada e mobiliza diversos encontros,
debates e atividades em geral em torno das questões da mulher negra na
sociedade. Para a escritora e produtora cultural, Raquel Almeida, o aumento
desta articulação tem colaborado para que mais mulheres tornem-se protagonistas
da luta contra o machismo e o racismo.
“A importância é justamente mobilizar e
articular a nossa galera que já é protagonista na luta. Lembro que há cinco
anos, poucos eventos pelo Brasil marcavam essa data. Lutamos muito pra que ela
fosse celebrada nas periferias e hoje os grupos liderados por mulheres negras têm
aumentado muito”, comemorou.
Nesta
linha de avançar na repercussão da data e, consequentemente, no debate de suas
pautas, o cineasta Avelino Regicida, lançou, ano passado, o documentário “25 de Julho – Feminismo negro contado em
primeira pessoa”, em parceria com o Espaço Cultural do Morro. O filme conta
a história de 12 mulheres negras da periferia e a luta diária contra a opressão
em São Paulo.
“A ideia
é de 2011, quando o Espaço Cultural do Morro começou a realizar um evento
chamado ‘Feminina Resistência’ para discutir questões voltadas à mulher negra.
Aí percebemos que a data é pouco conhecida pelas pessoas e pensamos que o
documentário pudesse ser algo que ajudaria na divulgação. Eu imaginei sim que o
filme rodaria bastante, por isso optamos pela divulgação na internet. Mas o ver
ficar conhecido fora de São Paulo é algo que nos agrada muito”, explicou.
“O feminismo está muito distante
das mulheres negras periféricas”
Um
debate que se acirra cada vez mais está em torno das diversas nuances do que
pode se chamar de feminismo - feminismo negro, periférico, tradicional, entre
outros. Segundo Raquel, ainda há um feminismo que precisa sair “dos quatro muros da intelectualidade”
para conseguir entender melhor a realidade das mulheres da periferia.
“Existem várias questões dentro do feminismo
negro que são específicas e que muitas vezes entram em choque com alguns
pensamentos na corrente feminista. Se trata de questões que uma mulher branca
burguesa feminista não vai entender, não adianta chegar na quebrada empurrando
goela abaixo um feminismo padrão. É importante se aproximar mais, respeitando
as nossas particularidades”, analisou.
Atividades pelo país
Entre
as atividades que acontecem pelo país nesta sexta-feira estão:
São
Paulo – capital: “Virada Cultural Mulher Negra e CIA” que terá debates em
diversos pontos da cidade e contará com oficinas culturais e diversos shows,
entre eles, o da cantora Negra Li.
Brasília:
Festival Latinidades, no Museu da República. Começou nesta terça (23) e vai até
o próximo dia 28.
Salvador
(Bahia): Semana da Mulher Negra, do dia 19 ao dia 25, no Solar da Boa Vista.
Rio
de Janeiro – capital: A mulher Negra no Brasil de hoje”, no Parque Madureira,
no dia 25.
Recife
(Pernambuco): Oficina Guaianases de gravuras: um olhar feminino o “, no Museu
de Abolição. Fica em cartaz até o dia 30/09.
Minas
Gerais: eventos acontecerão simultaneamente em 10 cidades do estado do dia 25
ao dia 31/07.
Porto Alegre (Rio Grande do Sul): “Mulher
Negra em Foco”, no auditório do Banco Central acontece dia 25.
Curumbá
(Mato Grosso do Sul): IV Encontro da Mulher Negra do Pantanal, no dia 25, na
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
Manaus
(Amazonas): III encontro de Mulheres Afroameríndias e caribenhas para discutir
o racismo institucional na Universidade Federal do Amazonas, que acontece do
dia 23 ao dia 25/07.
Com
Brasil de Fato
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