Francisco
José do Nascimento, Dragão do Mar ou Chico da Matilde, foi o líder dos
jangadeiros nas lutas abolicionistas. Ele nasceu no dia 15 de abril de 1839, há
160 anos, em Canoa Quebrada, Aracati.
Chico
da Matilde, como era conhecido, juntamente com seus companheiros, impediram o
comércio de escravos nas praias do Ceará. Seu avô antecipara seu destino: fora
engolido pelo mar em sua jangada. Já o pai de Francisco José do Nascimento o
"Dragão do Mar", morrera no oceano dos seringais amazônicos. Sua mãe,
Matilde Maria da Conceição, o criará em meio a muitas dificuldades. Assim,
"Chico da Matilde", se viu, desde cedo, envolvido no cotidiano do
litoral. Foi garoto de recados, em veleiro chamado de Tubarão.
Só aos 20 anos de idade que Chico aprendeu a ler. Jangadeiro, considerado o maior herói a favor da libertação dos escravos no Ceará. Em 1859 trabalhou nas obras do Porto de Fortaleza e iniciou o trabalho como marinheiro em um navio que fazia a linha Maranhão - Ceará.
O
revolucionário mulato de Canoa Quebrada, em 1874 foi nomeado prático da
Capitania dos Portos convivendo com o drama do tráfico negreiro, se envolve na
luta pelo abolicionismo, e uma de suas principais atitudes foi o fechamento do
Porto de Fortaleza, assim impedindo o embarque de escravos para outras
províncias. Em vigília, localizava alguma embarcação que entrasse no Porto do
Mucuripe e conduzia sua jangada até ela para comunicar o rompimento do tráfego
negreiro no Estado. A história registrou seu brado literário.
"Não há força bruta neste mundo que faça
reabrir o Porto ao tráfico negreiro. E, sob sua liderança, os jangadeiros
cearenses abriram as velas de suas embarcações, na recepção de José do
Patrocínio, em 1882"
Não
foi à toa, que ele estava na sessão da Assembléia, em 24 de maio de 1883,
quando Fortaleza libertou seus escravos. Em 25 de março de 1884, acontece a
libertação de todos os escravos da província. O que não concluiu suas lutas.
Em
3 de março de 1889, reassume o cargo de prático, por ordem do imperador,cargo
esse que havia perdido com o envolvimento nas lutas abolicionistas, assim
tornando-se Major Ajudante de Ordens do Secretário Geral do Comando Superior da
Guarda Nacional do Estado do Ceará.
O
que não o impede de casar-se com a sobrinha de João Brígido, Ernesta Brígido,
em 1902. Defendia a participação da mulher na sociedade cearense, que insistia
em dar mostras de conservar intacto o seu racismo. Dois anos depois, revolta-se
contra a indicação, por sorteio, de chefes de família para a prestação de
serviços militares, quando apenas os negros haviam sido sorteados.
Seu
poder de liderança volta a ser constatado: promove uma greve dos trabalhadores
de embarcações, mesmo sob as ameaças do governador Pedro Borges. Um morto e
mais de 90 feridos cobram justiça em frente ao Palácio da Luz. O governador
manda dispensar os rebeldes, mas a imponência do Dragão do Mar é mais
convincente, marcando seu último ato de bravura, antes de falecer, cinco anos
depois, em 6 de março de 1914.
Francisco
José do Nascimento é considerado, portanto, o maior herói popular pela da libertação dos
escravos no Estado do Ceará.
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