Já
sabendo que sua doença era terminal, Darcy Ribeiro confessou no livro de
memórias: "Termino esta minha vida
já exausto de viver, mas querendo mais vida, mais amor, mais saber, mais
travessuras". Tudo muito coerente com quem sempre se declarou um
"fazedor".
Filho
de farmacêutico e professora, Darcy Ribeiro mudou-se para o Rio de Janeiro com
o objetivo de estudar medicina. Até ingressou na faculdade, mas abandonou o
curso depois de três anos.
Transferiu-se
para São Paulo, indo estudar ciências sociais na Escola de Sociologia e
Política e ali graduando-se em 1946. Depois, em 1949, entrou para o Serviço de
Proteção aos Índios (antecessor da Funai), onde trabalharia até 1951. Passou
várias temporadas com os indígenas do Mato Grosso (então um só estado) e da Amazônia,
publicando as anotações feitas durante essas viagens. Colaborou ainda para a
fundação do Museu do Índio (que dirigiu) e a criação do parque indígena do
Xingu.
Na
época, Darcy Ribeiro escreveu diversas obras de etnografia e defesa da causa
indigenista, contribuindo com estudos para a Unesco e a Organização
Internacional do Trabalho. Em 1955, organizou o primeiro curso de pós-graduação
em antropologia, na Universidade do Brasil (Rio de Janeiro), onde lecionou
etnologia até 1956.
No
ano seguinte, passou a trabalhar no Ministério da Educação e Cultura. Lutou em
defesa da escola pública e (junto com Anísio Teixeira) fundou a Universidade de
Brasília (da qual seria reitor em 1962-3).
Em
1961, foi ministro da Educação no governo Jânio Quadros. Mais tarde, como chefe
da Casa Civil no governo João Goulart, desempenhou papel relevante na
elaboração das chamadas reformas de base. Com o golpe militar de 1964, Darcy
Ribeiro teve os direitos políticos cassados e foi exilado.
Viveu
então em vários países da América Latina, defendendo a reforma universitária.
Foi professor na Universidade Oriental do Uruguai e assessorou os presidentes
Allende (Chile) e Velasco Alvarado (Peru). Naquele período, Darcy Ribeiro
redigiu grande parte de sua obra de maior fôlego: os estudos antropológicos da
"Antropologia da Civilização",
em seis volumes (o último, "O Povo
Brasileiro", ele publicaria em 1995).
Em
1976, retornou para o Brasil, dedicando-se à educação pública. Quatro anos
depois, foi anistiado, iniciando uma bem-sucedida carreira política. Em 1982,
elegeu-se vice-governador do Rio de Janeiro. Nesse cargo, trabalhou junto ao
governador Leonel Brizola na criação dos Centros Integrados de Educação Pública
(Ciep). Em 1990, foi eleito senador, posto em que teve destacada atuação.
Em
1992, passou a integrar a Academia Brasileira de Letras. Além da obra
antropológica, Darcy Ribeiro publicou os romances "Maíra", "O Mulo",
"Utopia Selvagem" e "Migo".
No
último ano de vida, Darcy Ribeiro dedicou-se a organizar a Fundação Darcy Ribeiro,
com sede na antiga residência em Copacabana (no Rio de Janeiro).
Vítima
de câncer, Darcy Ribeiro morreu aos 74 anos.
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