Centenas
de milhares de pessoas são esperadas em protestos contra a corrupção e o
governo Dilma por todo o país neste domingo. Dois dias antes, milhares de
manifestantes foram às ruas de várias cidades defender o governo
democraticamente eleito. Entre defensores da situação e da oposição há uma
disputa pelo poder, e o país parece enfrentar um teste de estresse político
inédito, como avaliou o cientista político André Singer. Para o filósofo
Vladimir Safatle, entretanto, o momento é muito pior de que as pessoas querem
admitir, mas não estamos passando por uma simples disputa entre PT e PSDB, pois
o problema é mais amplo e atinge todo o sistema político nacional. "Nesse momento da história, é necessário ter
claro o fato de que a Nova República acabou, morreu", disse, em
entrevista ao UOL Notícias.
Safatle
é professor livre-docente do Departamento de filosofia da USP (Universidade de
São Paulo) e colunista da "Folha de S.Paulo". Segundo ele, nem mesmo
durante a ditadura houve uma depressão sociocultural como a atual, e as
manifestações populares são um sinal do esgotamento nunca antes visto do modelo
político - um problema que vai além da corrupção e a crise de
representatividade. "Trocar o PT por
outro partido não muda nada. É como trazer Dunga de volta à seleção brasileira
após a derrota na Copa. Continuamos aprisionados ao processo", disse.
"Se é verdade que os partidos
políticos fazem parte dos protestos, é piada achar que as passeatas podem fazer
diferença."
Safatle
acredita que o governo Dilma já naufragou. Segundo ele, entretanto, a solução
passa não por impeachment, mas por uma reforma ampla do modelo democrático que
aumente a participação da sociedade nas decisões políticas. "O país está em ebulição, procurando novas
formas desesperadamente", disse.
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