Com
uma das reportagens mais canalhas dos últimos anos, Época bem que tentou, mas
não conseguiu nem 30 segundos de Jornal Nacional.
Trata-se
da capa que retrata o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como
"operador" de um esquema no BNDES para favorecer a construtora
Odebrecht.
As
provas? Quais seriam? Alguma condenação? Algum batom na cueca? Nada.
Apenas
a investigação aberta há apenas uma semana – isso mesmo, uma semana – pelo
Ministério Público Federal.
Eis o texto da revista:
"ÉPOCA obteve, com exclusividade, documentos
que revelam: o núcleo de Combate à Corrupção da Procuradoria da República em
Brasília abriu, há uma semana, investigação contra Lula por tráfico de influência
internacional e no Brasil".
Em
tempos normais, antes da contaminação do jornalismo por uma agenda política e
ideológica ensandecida, essa descoberta mereceria, no mínimo, uma nota de
rodapé.
A
matéria, que produziu a capa escandalosa de Época, portanto, envergonha o
jornalismo e também mancha a reputação do Ministério Público, comandado por
Rodrigo Janot, como demonstra artigo do jornalista Luis Nassif (leia aqui).
Lobby em favor de empreiteiras
chinesas
Época,
que pertence à Globo, não conseguiu ser repercutida no Jornal Nacional, também
da Globo, por múltiplas razões. A principal, o fato de a matéria ser um traque.
A segunda, a péssima imagem que Silvia Faria, diretora de Jornalismo da Globo,
tem do jornalista Diego Escosteguy, que dirige a parte policial de Época.
O
terceiro é outro aspecto polêmico da reportagem. O texto de Época é nascido do
lobby. Em vez de revelar lobby de Lula em favor da Odebrecht, demonstra apenas
que a revista fez lobby por uma empreiteira chinesa derrotada pela construtora
brasileira na China e na América Latina.
Ao
comentar uma obra na República Dominicana, Época entrega o ouro:
"As concorrentes da Odebrecht contestaram
imediatamente na Justiça o resultado da licitação. Em abril de 2014, dias após
a Odebrecht assinar o contrato, advogados do grupo chinês Gezhouba alertaram o
BNDES, em ofício, da pendência judicial".
Certo,
portanto, na visão de Época seria o BNDES não financiar uma obra de uma
construtora brasileira, e abrir as portas para a expansão de empreiteiros
chineses, num momento de grande disputa geopolítica – quem quiser saber mais a
respeito, deve pesquisar sobre a expressão "Chináfrica".
Aliás,
as empreiteiras chinesas têm notórios lobistas que vêm se movimentando com
frequência por Brasília e por redações de veículos de comunicação nas últimas
semanas.
Medo de Lula em 2018
Época
não saiu no JN, mas cumpriu uma missão para a Globo: a de tentar colocar mais
uma pedra no caminho da eventual volta de Lula, em 2018. A esse respeito, eis o
que escreveu o jornalista Leandro Fortes, no texto "jornalismo de
encomenda":
Aí,
um núcleo do Ministério Público em Brasília abre uma "investigação"
porque descobriu que o ex-presidente Lula, como todos os ex-presidentes do
planeta, usa de seu prestígio no exterior para conseguir negócios para empresas
brasileiras.
Logo
em seguida, a "investigação" é entregue à revista Época.
Quem
ainda tem alguma dúvida de que, com a ajuda de parte do Judiciário, o
Ministério Público vai trabalhar para tentar interditar a candidatura de Lula,
em 2018?
Ao
que Lula respondeu: "pois é o
seguinte, não me chame pra briga, porque eu sou bom de briga e eu gosto dessa
briga"
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