Educadora e primeira Desembargadora Negra do Brasil. Também conhecida como Neuza Pioneira e nascida em um cortiço em Salvador, no bairro de Tororó, jamais foi reconhecida pelo pai, a quem viu esporadicamente até os quatro anos de idade. Em toda sua trajetória contou com o apoio e incentivo da mãe, mulher de “poucas letras”. Dentre os muitos obstáculos que precisou superar aquele vivenciado aos 14 anos, destaca-se em sua narrativa, como o episódio que lhe permitiu perceber a exclusão social da qual são vítimas muitas mulheres e homens negros/as: ninguém a escolheu como par na quadrilha da igreja.
Aluna
de escolas públicas durante toda sua trajetória escolar, após a conclusão do
curso de formação de professores/as - magistério-, onde ingressou ao completar
o ginasial, prestou o vestibular para a Universidade Federal da Bahia,
tornando-se aluna do curso de Direito, concluído em 1974. Posteriormente fez
especialização em Direito Processual, na Fundação Faculdade de Direito do
Estado da Bahia e em Direitos Humanos pela Universidade Estadual da Bahia –
UNEB, em convênio com a Escola do Ministério Público do Estado da Bahia.
Durante
treze anos exerceu a advocacia: cinco em uma empresa de Consultoria Tributária
e mais de oito como advogada da Rede Ferroviária Federal, na Bahia, de onde se
desligou após ser aprovada em primeiro lugar, em concurso público realizado em
1988, para o cargo de Juíza do Trabalho. Aqui, entretanto, permaneceu apenas
dez meses: aprovada em novo concurso público, tornou-se Juíza Federal,
atividade que desempenhou com dignidade por 17 anos.
Além
de exercer diversos cargos em sua área, destacou-se também, na Associação dos
Juízes Federais do Brasil, seção da Bahia, bem como, no Conselho Estadual de
Defesa dos Direitos da Mulher – CDDM/BA, onde permaneceu durante dois anos.
A
posse no cargo de Desembargadora Federal, tornando-se assim a primeira mulher
negra a ocupar tal posto no país, ocorreu em 2004, após ter seu nome escolhido
em lista tríplice apresentada ao Presidente da República.
Seu
envolvimento e preocupações constantes com as oportunidades e direitos
relacionados à construção da plena cidadania feminina e dos afro-descendentes,
fazem com que, apesar dos muitos compromissos próprios do cargo quer ocupa,
possa ser encontrada proferindo palestras em eventos organizados por entidades
sociais.
Em
2008, doutora Neuza recebeu da Câmara de Vereadores da Salvador, a comenda
Maria Quitéria, como reconhecimento a sua atuação e pioneirismo, em um país
historicamente marcado pela ausência de oportunidades, sobretudo, aquelas
oferecidas a mulheres negras e pobres.
Doutora Neusa e você Nicolau Neto é referência para toda a População Negra. Obrigada por vocês existirem e também lutarem pelo nosso povo.
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