Manifestações repetem frases de ódio com menos público do que em 15 de março



A terceira manifestação contra o governo de Dilma Rousseff e o PT se desenrola na Paulista com participação expressiva, mas mesmo assim menor do que a primeira manifestação, em 15 de março. São muitas famílias e principalmente pessoas idosas participando do protesto.

Paulista: preocupações são o impeachment da presidenta
Dilma e impedir que o ex-presidente Lula concorra em 2018.
O mote do protesto, exclusivamente, é o bordão “Fora PT”, como também ataques ao ex-presidente Lula, a atual presidenta e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Não há menções a outros partidos ou parlamentares, prefeitos ou governadores. Segundo o Datafolha, 135 mil pessoas participaram do protesto. É menos que a manifestação de 15 de março (275 mil) e mais do que 12 de abril (100 mil), segundo o Datafolha.

No caminhão do grupo Vem Pra Rua os manifestantes mencionam uma carta do jurista Hélio Bicudo, que diria que a democracia foi destruída pelos que estão no poder, em benefício próprio.

Todas as faixas e cartazes dizem respeito a Dilma, Lula e o PT. Há também referências ao juiz Sérgio Moro e até mesmo ao ex-ministro, presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Muitas pessoas caminham com adesivos distribuídos pelo partido Solidariedade, agremiação coordenada pelo Sindicalista Paulinho da Força, que tem se mostrado como oposição ao governo.

Para a aposentada Margarida Menezes, colocando Lula e Dilma na cadeia vai haver fôlego para o país se recuperar do que considera a infinita corrupção petista. Ela pediu para não mostrar o rosto por medo que a ditadura petista a caçasse.

Mises foi um defensor do liberalismo econômico criticado
mesmo por autores de ideias parecidas, como Hayek
Como nas outras manifestações, o Hino Nacional é executado à exaustão. Além dos gritos contínuos de “Fora Dilma” e “Fora PT”, algumas faixas chamam atenção, como “Menos Marx mais Mises

O caminhão do movimento Endireita Brasil é o mais ativo nessa manifestação; uma ativista ao microfone ressaltava que o ato é contra o PT onde quer que ele esteja não é só Lula e Dilma, é também o Haddad e todo o PT.
São Paulo nunca mais vai aceitar um governo corrupto, não importa como a Dilma vai cair; a eleição de 2014 foi um erro de 4 milhões (de votos) e nós não vamos aceitar; precisamos corrigir o erro cometido”.

Estudantes da Faculdade de Economia e Administração (FEA), da USP, Renato Oliveira, de 21 anos, Victor Ruiz, 23, e Fábio Rodrigues, 22, dizem que estavam no protesto para bradar contra a Dilma e a corrupção. Acreditam que o impeachment é uma forma de acabar com a ditadura petista, mas consideram que não é uma ditadura especificamente como outra que já houve, mas sim por conta da falta de alternância no poder. Questionados, no entanto, em quem votaram para as eleições no governo de São Paulo, os três revelaram ter votado no PSDB, que governa São Paulo há 20 anos.

Um pouco mais romântica, a publicitária Tatiana Pacheco, 34, carregava a filha Manuela, 4, nos ombros. A pequena tinha o rosto todo pintado de verde amarelo que, segundo a mãe, foi ela mesma que pintou. Tatiana disse estar na rua “por um país melhor, sem corrupção”. Para ela, o principal objetivo tem de ser melhorar a educação “porque senão as pessoas ficam sem consciência”. Para ela, tudo indica que houve corrupção na eleição, o TSE deve pedir a cassação da candidatura de Dilma.

Caminhão com maior mobilização, o Endireita Brasil também acumula o título de pior manifestação da tarde. Em uma de suas falas, um manifestante disse que “todo mundo tem família, porque família é homem e mulher, não esse bando de vagabundo que tem por aí”.  O manifestante também se referiu a Dilma de maneira imprópria, distribuindo mandioca frita para os manifestantes, e atacou programas como o Mais Médicos, e a demarcação de terras indígenas.

Diretora de uma ONG de defesa dos animais, Fátima Vanoni diz que foi filiada ao PT durante muito tempo e perdeu a esperança no partido: “O PT perdeu tudo o que nós acreditávamos, já foi outro partido, teria de ser feita uma grande seleção pela ética; nenhum país vive sem isso. Hoje estou aqui contra o PT porque eles deterioraram e perderam tudo aquilo que acreditávamos”.

Em toda manifestação, são visíveis pessoas com camiseta da Seleção Brasileira, mas desta vez alguns manifestantes cobriram o logo da CBF com fita isolante preta. Não há mais grandes referências à eleição, como ocorreu nas duas primeiras manifestações. As grandes preocupações, neste momento, são o impeachment da presidenta Dilma e impedir que o ex-presidente Lula concorra na eleição de 2018.

O microempresário José Carlos Fonseca diz que veio para a rua por indignação e revolta contra as roubalheiras, mentiras e corrupção do governo petista. Para ele, o impeachment deve ser dado pelas normas legais que o TCU ou TSE considerar, em que a presidenta deve ser retirada do poder. “Estão movendo as cartas nos bastidores; o PT vendeu esperança e a culpa disso tudo só pode ser um deles; eles usam a ignorância a seu favor: votaram porque se beneficiaram do Bolsa Família e até perceber a mentira, demora.”

A Polícia Militar ainda não divulgou o número de participantes. O caminhão do Vem Pra Rua chegou a anunciar 2 milhões de pessoas, outro caminhão, 800 mil, mas de qualquer modo é notória a queda de público em relação à primeira participação, quando não era possível caminhar direito na Paulista. Hoje, só as áreas dos caminhões de som trazem alguma dificuldade para caminhar.

O colunista do Jornal da Cultura, Roberto Delmanto Junior, veio para o caminhão do Vem Pra Rua e disse que o PT quer tornar o país comunista: “Nossa bandeira jamais será vermelha”. Duas horas após o início da manifestação já é grande contingente de pessoas que deixa o local dirigindo-se às suas casas. Pelas ruas e nas lanchonetes do entorno é notório comentário de que não há nada de novo.

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