Sobre Negros e Pardos: O passado que insiste em bater a nossa porta e de cara LISA


Qual a forma mais correta (se é que há) de se classificar à população pela cor ou raça? Por que muitos, em pleno século XXI possuem ainda grandes dificuldades de se identificarem como preto (prefiro me expressar e me identificar enquanto NEGRO)?

Segundo o padrão de classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) há cinco grupos, a saber – indígenas, Preto (Negro), pardos, brancos e amarelos. Discutir, debater, analisar e refletir sobre as relações étnicos-raciais no Brasil não é simplesmente algo esporádico, mas uma necessidade constante visto que a cor da pele ainda se configura (infelizmente), com raríssimas exceções, como aquela que definirá o seu lugar de ocupação nos espaços de poder. Se for branco ou amarelo as condições de acesso são as mais variadas possíveis. Do contrário.....


Mas, voltando a indagação inicial - Por que muitos, em pleno século XXI possuem ainda grandes dificuldades de se identificarem como preto (prefiro me expressar e me identificar enquanto NEGRO)? As respostas que tenho obtido não me surpreende, pois elas retratam fielmente o processo de humilhação e o holocausto pelo qual a população NEGRA passou e ainda passa. Um passado que insiste em bater em nossa porta e de cara LISA, diga-se de passagem – reporto-me a frase outrora dita pelo jornalista Alexandre Garcia, que não nos deixa mentir. “O país não era racista até criarem as cotas”, afirmou ele. Claro que ele deve ter faltado as aulas de História, Filosofia e Sociologia, o que me permite afirmar também que ele não teve e não tem nenhuma base de Direitos Humanos.

Logo, muitos me dizem – Quem quer ser Negro e Negra em um pais onde ele e ela são taxadas como pessoas sem espaços? Onde o papel que exerciam antes de escravos e hoje não são reconhecidos como construtores dessa nação? Quem quer ser negro e negra em um pais onde não se ver na TV, no rádio, nos mais variados espaços de poder essas pessoas exercendo papel de protagonista? Quem quer ser negro e negra em ambiente onde se vai comprar brinquedos para sua filha, seu filho e não encontra bonecos negros, bonecas negras?

Mas há uma luz negra no fim do túnel. Ainda há um fio de esperança quando vemos jovens rompendo com essa visão europeizante e questionando um estereótipo que com certeza nos foi outorgado, mas que não nos serve, não nos simboliza, não nos representa. Jovens que insistem em se autoafirmar e se autorreconhecer como negro, como negra, pois ao contrário dos muitos que afirmei na indagação inicial, buscaram conhecer a história contada pelo viés daqueles que foram oprimidos e ousaram lutar para sair dessa condição. São pessoas que se inspiraram na trajetória de Luisa Mahin, Tereza de Benguela, Dandara, Antonieta de Barros, Carolina de Jesus, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Abdias Nascimento, Oliveira Silveira, Nelson Mandela, Martin Luther King, Zumbi, dentre outros.

Temas como Preconceito, Discriminação, Racismo e a pouca representatividade do negro e do indígena nos espaços de poder ainda persistem porque não há o engajamento da RAÇA HUMANA em promover o debate. O grilhão parece que deixou de existir como objeto material físico de tortura, mas permanece como objeto mental do branco porque insiste em pensar e agir como superior e em muitos casos o negro quando insiste em permanecer calado.

Não se elimina os temas acima elencados com a falácia constitucional “de que todos somos iguais perante a lei” e muito menos com o falso discurso de que somos uma democracia racial. Isso é balela. Essa luta tem que ser DIÁRIA. 

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