“O desfecho do golpe”, por Luiza Erundina


Tem início hoje no Senado Federal a última etapa do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Depois de meses de articulação por este golpe, que uniu Parlamento, Judiciário, mídia, e que tentou um véu de legalidade dentro deste processo para tentar fazer parecer legítimo e manipular a opinião pública, desgostosa do governo de Dilma. Ainda que com várias críticas justas e necessárias à gestão Dilma, um golpe só traz mais riscos, instabilidade. E, neste caso, garante o poder àqueles que dominam a elite política do país há anos.
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Em pouco mais de 100 dias de governo interino, Temer nomeou um ministério completamente masculino, branco, com várias denúncias de corrupção. O SUS não tem a defesa do ministro da Saúde, que é ligado aos planos de saúde. O ministro da Justiça disse que precisamos de menos pesquisas em segurança pública e de mais equipamentos bélicos. Houve intervenção na Empresa Brasil de Comunicação. Desmonte do Ministério da Cultura. Corte de verbas das universidades federais.

Nesta imagem emblemática, do fotógrafo Lula Marques, Dilma aos 22 anos, em 1970, diante de seus julgadores, os militares, durante a ditadura implementada no país depois de um golpe. No primeiro plano, Dilma, nesta quarta-feira, em ato contra o golpe no Teatro dos Bancários, em Brasília. Poucas horas antes de seu julgamento final ter início no Senado. O mesmo olhar.


Uma fotografia que nos diz muita coisa. Que tenhamos em mente que a história é cíclica, mas que é preciso resistir sempre. Que a democracia merece nosso cuidado permanente.

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