Entre a opressão e a liberdade: Jovens altaneirenses tentam reviver mais uma vez “Paixão de Cristo”



Circulou na rede social facebook na noite desta sexta-feira, 10, informações constatando que jovens do município de Altaneira, na região do cariri, estão querendo trazer de volta para apreciação do público à peça Paixão de Cristo. O desejo desses jovens foi perceptível quando Raimundo Soares Filho resgatou publicação de seu Blog de Altaneira em abril de 2012.

Diz que é a favor da Cultura, mas não apoia a Paixão de Cristo”, disse o blogueiro de forma crítica ao entrar naquela “brincadeira do diz que” e republicar o texto com o título ‘A Paixão de Cristo emociona altaneirenses e visitantes’. A peça há anos deixou de ser encenada em Altaneira e as que poucas foram realizadas causaram polêmicas e crises entre as instituições que possuem os maiores números de adeptos (segundo dados compilados pelo IBGE 2010), a Igreja Católica e, nos períodos em análise, a Igreja Internacional da Graça de Deus.

A encenação da peça “Paixão de Cristo” em Altaneira deixou transparecer que a convivência pacífica entre católicos e protestantes não era de todo visível, mas bastava um motivo para ela se revelar como é, de fato, na grande maioria das vezes, conflituosa e cheia de “esse terreno é meu”, “esses fieis são da minha igreja e não podem se misturar”.  Quem não se lembra do trágico episódio “O Pátio do Conflito”?  Em 2012 participantes da peça chegaram a solicitar o pátio da Igreja Católica para o momento da Crucificação, o que foi negado pelo então Pároco, Alberto, sem justificativas convincentes. Depois, informações dos próprios “atores” e “atrizes” amadores (as) deram conta de que o padre tinha marcado um evento religioso no dia da encenação.

Mas a história do conflito entre o “líder” (do período) católico e os construtores do evento religioso, cultural e histórico ganharia mais um capítulo e que desnudaria o lado retrógrado, arcaico e intolerante do pároco. “A Palhaçada”. Foi com essa expressão que o “chefe” da Igreja Católica de Altaneira denominou a Peça que encenava diversas passagens bíblicas, como a crucificação de Jesus Cristo. A atitude do “líder” religioso católico gerou indignação, revolta e repúdio de várias pessoas, como o do Educador Popular, Cícero Chagas, que mais uma vez transcrevemos:

Intolerância religiosa. Até quando teremos que conviver com ela?Quando pensamos que estamos dando passos significativos para a convivência harmoniosa entre as crenças religiosas somos surpreendidos com atitudes medievais, vindas de uma estrutura religiosa cheia de atrocidades a história é testemunha de quantas injustiças foram cometidas.  

Depois de tanto tempo e tantas injustiças pensei que ela tivesse aprendido, mas parece que na cartilha que veio para Altaneira-CE essa pagina estava faltando, só isso justifica as atitudes medievais que vêm sendo tomadas por parte do Gestor desta instituição que por motivos alheios ao nosso conhecimento não aprova a união das crenças religiosas existente no nosso município para realizarem o resgate da Peça da Paixão de Cristo assumida sempre pelos jovens que em outrora eram Católicos e por motivos parecidos, hoje são Evangélicos e transcendendo os limites da religião se uniram aos jovens católicos para juntos com a Secretaria de Cultura realizares a Paixão de Cristo.

Para esse gestor digo: Toda ditadura tem começo meio e fim

A atitude do pároco acabou por reprimir o desejo artístico dos altaneirenses que desde 2012 não mais realizaram a encenação. Porém, a liberdade parece que quer conflitar mais uma vez com a opressão. Em comentário na postagem supracitada acima, Pedro Rafael afirmou que esse ano “a galera jovem, de forma independente, se organizaram e estão ensaiando para resgatar a Peça Paixão de Cristo, de forma simples mas muito bem feita”.

Mas o grupo denominado “independente” por Pedro nasceu dentro da igreja, como deixou entrever o obreiro Vinícius Freire. Ao comentar a postagem em destaque neste texto, Vinícius disse ter conversado com o grupo e afirma “eles até onde eu sei não conseguiram patrocínio ainda” e prega otimismo ao dizer que “para o próximo ano há uma possibilidade de fazer a peça completa com apoio da secretaria de cultura com mais participantes tbm” e completa:

Não posso deixar de parabenizar tbm o atual pároco por ter permitido a existência do grupo de jovens”. 

Sendo assim, a peça, antes reprimida, tem grande possibilidade de ocorrer com tranquilidade, já que tem a “benção” do padre atual.

Sem falsos moralismos. A atitude que o pároco Damião vem tomando desde que chegou a Altaneira é digna dos parabéns. Não deveria ser por se tratar de um dever sacerdotal, mas acaba merecendo registro ante as de outrora que alimentavam a rivalidade, o confronto e desunião entre as pessoas.

Encenação da peça "Paixão de Cristo" em Altaneira (2012). (Foto: Heloísa Bitu).




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