Protesto
no Dias Internacional da Mulher, 800 mulheres de diversos movimentos populares
ocuparam o parque gráfico do jornal impresso no Rio de Janeiro, que pertence ao
grupo Globo Comunicação. O objetivo da ação, iniciada às 5h30 da manhã, é
denunciar a atuação decisiva da empresa sobre a instabilidade política
brasileira. Elas destacam a articulação da Globo no processo do golpe, desde o
impedimento da presidenta Dilma em 2016 até perseguição ao presidente Lula,
para inviabiliza-lo como candidato em uma eleição democrática.
Participaram
mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, do Levante Popular da
Juventude, do Movimento dos Atingidos por Barragens e do Movimento dos Pequenos
Agricultores, além de moradoras de comunidades da cidade. “A Globo promove os
golpes em pró de seus interesses empresariais, não interessa as consequências
para o país. Por isso ela é criminosa. Ela não é inimiga só dos trabalhadores,
ela é inimiga de toda a nação”, afirmou Ana Carolina Silva, do Levante Popular
da Juventude.
Intervenção contra os direitos
As
mulheres também deram visibilidade ao caráter político e contrário aos direitos
do povo da intervenção militar no Rio de Janeiro. Com o mote “A Globo promove intervenção para dar golpe
na eleição” elas lembram que o próprio golpista Michel Temer declarou que
vai suspender o decreto caso tenha maioria na Câmara e no Senado para votar a
reforma da Previdência.
Para
Maria Gomes de Oliveira, da Direção do MST, se trata de uma questão eleitoral e
de um processo de coação social. “A Globo
e os articuladores desse processo abordam a intervenção militar no Rio de
Janeiro como medida de segurança. Ao mesmo tempo em que ela promove o medo para
manter a classe trabalhadora calada, Temer e aliados se aproveitam de um anseio
da sociedade para esconder sua estratégia eleitoral”, explica.
A
dirigente ressalta ainda que a empresa tem interesses econômicos na Reforma da
Previdência. “A globo opera ativamente na
política para manter seus lucros e o monopólio sobre a mente das pessoas. No
caso da previdência, ela está diretamente ligada à Mapfre Seguros, uma empresa
que presta serviços de previdência privada”. Para ela, o momento caracteriza um
desvio de função das Forças Armadas. “Tanques e soldados armados com fuzil não
resolvem a violência. Os militares deviam cuidar de proteger nossa soberania,
inclusive as riquezas como o petróleo, a água, as terras, que o golpista está
entregando numa bandeja para o capital internacional”, afirma.
Ana
Paula Silva destaca que a taxa de desemprego beira a 12% e, assim com o
desmonte de serviços básicos de educação e saúde, são fatores que contribuem
para o aumento da violência. “O crime se
combate com o desenvolvimento de uma política de segurança e não com
intervenção militar. Sabemos que o caminho é crescimento econômico e políticas
públicas para o povo, mas para garantir isso precisamos retomar a democracia
que perdemos com o golpe. Garantir eleições sem fraude é central para barrar os
ataques aos direitos dos brasileiros”, garante a militante.
Decadência
O
parque gráfico ocupado é o maior da América Latina. Sua construção foi, em
parte, financiada pelo BNDES, com o montante de R$ 217 milhões, em valores
atuais. Ele foi projetado para a impressão de 800 mil jornais diários, mas a
média de produção do O Globo em 2017 não passa de 130 mil exemplares/dia,
segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC). Ou seja, não
utiliza nem 50% da capacidade produtiva.
“Este lugar é um elefante branco a serviço da
desinformação. Com tanto recurso público investido, deveriam ao menos se dignar
a fazer um jornalismo de qualidade. Não é à toa que o jornal está em
decadência. As trabalhadoras não engolem mais as mentiras e manipulações da
Globo”, afirmou.
A
ação faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que tem por
lema a célebre frase de Rosa Luxemburgo “Quem
não se movimenta, não sente as cadeias que a prendem”. (Com informações do
Levante Popular da Juventude e do Brasil 247).
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