Após
intensa resistência dos apoiadores que desde a noite da quinta-feira 5 cercam a
sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, Lula saiu
a pé do prédio rumo a uma viatura da Polícia Federal estacionada nas
imediações.
Em
meio a grande confusão, ele entrou em uma porta da gráfica do sindicato e se
apresentou à PF. O ex-presidente negociou até o último minuto para impedir um
confronto entre os militantes e a Polícia Militar, que estava no local.
O
comboio de veículos, que não estavam caraterizados como viaturas tradicionais
da PF, chegou à Superintendência da corporação em São Paulo, no bairro da Lapa.
No local, manifestantes contrários e favoráveis ao ex-presidente aguardavam a
chegada das viaturas.
Lula
fez o exame de corpo de delito na sede da PF em São Paulo e segue de
helicóptero neste momento ao aeroporto de Congonhas, onde um avião da Força
Aérea Brasileira aguarda no local para levá-lo à Curitiba. Não se sabe, porém,
se a viagem ocorrerá mesmo hoje.
Há
um grupo de manifestantes no aeroporto. Há 14 viaturas da Força Tática da PM
pouco atrás de onde a militância se reúne.
O
petista tentara deixar o local e cumprir o acordo com a PF por volta das quatro
da tarde, de carro, mas foi impedido por uma multidão. O portão do sindicato
chegou a ser arrancado pelos militantes e o ex-presidente viu-se obrigado a
sair do automóvel, no qual estava acompanhado do advogado Cristiano Zanin, e
retorna ao prédio. Uma nova negociação teve início, ante a ameaça da chegada da
PM.
Um
pouco antes das seis da tarde, Gleisi Hoffmann, presidente do PT, procurava
acalmar a militância enfurecida, que, além de impedir a saída de Lula, gritava
palavras de ordem e ameaçava jornalistas escalados para a cobertura. "A
coisa que eu mais queria era fechar esse sindicato e resistir, era enfrentar a
polícia", discursou a senadora. "Mas o Lula decidiu se entregar e a
escolha dele precisa ser respeitada. A consequência é a polícia vir aqui dar
porrada na gente. A polícia deu meia hora para a gente resolver. Quem vai
sofrer as consequências não somos nós, mas o Lula".
Aos
apelos de Hoffmann, a multidão respondia: "Não tem arrego". Ao
anúncio da iminente chegada da tropa de choque da PM, retrucavam: "Deixa
vir".
Segundo
Marco Aurélio de Carvalho, advogado do Movimento de Juristas pela Democracia,
caso a PM viesse a agir, seria de maneira ilegal: "O presidente Lula
entrou em contato com as autoridades e está negociando, mas não tem controle
sobre este movimento. Não há resistência por parte dele".
A
negociação com a PF previa que o ex-presidente deixasse o Sindicato dos
Metalúrgicos após a missa em homenagem ao aniversário de sua mulher, Marisa
Letícia, falecida em fevereiro de 2017. Ela completaria 68 anos neste sábado 7.
A
cerimônia foi longa e terminou de maneira emblemática, com Lula nos braços da
multidão após um discurso no qual fez questão de demonstrar firmeza e
confiança.
"Eu
vou enfrentá-los no olho por olho. Quanto mais dias eles me prenderem, mais
Lulas vão nascer nesse país. Se dependesse da minha vontade, não iria, mas eu
vou. Eu não estou escondido e vou lá nas barbas deles, para que eles saibam que
eu não tenho medo", declarou.
O
ex-presidente agradeceu a cada um dos parlamentares, sindicalistas e
manifestantes que lhe deram apoio e atacou o Ministério Público Federal, o juiz
Sérgio Moro e principalmente a mídia, em especial a Rede Globo. "O sonho
de consumo deles é a fotografia do Lula preso. Eu fico imaginando o tesão da
Veja, da Globo. Eles vão ter orgasmos múltiplos."
Após
o discurso do ex-presidente, os militantes passaram a se aglomerar em frente
aos portões de saída do Sindicato dos Metalúrgicos. A militância ocupou a parte
interna da garagem, entre o portão e o pano amarelo que impede de ver o
interior. Os manifestantes passaram a cerca todo o perímetro do sindicato.
O
temor dos advogados e de auxiliares próximos é de que a demora em se entregar à
PF leve o juiz Sergio Moro a decretar a prisão preventiva, o que elimina
qualquer outro chance de impetrar um habeas corpus, embora as frustrantes
incursões no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal
indiquem que a única esperança de Lula resida no julgamento das ações
declaratórias de constitucionalidade que questionam a autorização de prisão a
partir de decisão da segunda instância pelo plenário do STF.
Há
uma disposição dos movimentos sociais e da militância de não deixar
transparecer que a prisão do ex-presidente será aceita pacificamente. A Central
Única dos Trabalhadores anunciou uma vigília permanente em frente à sede da
Polícia Federal do Paraná e atos Brasil afora. O deputado federal Paulo
Teixeira declarou: "O Brasil desse dia de hoje para frente mudou. O
presidente Lula nos pertence e nós vamos parar o País a partir de amanhã".
(Com informações de CartaCapital).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!