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Historiador Leandro Karnal sobre o “Escola Livre” – ‘Ainda não superei o impacto’


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Agradeço aos muitos envios do texto da lei aprovada em Alagoas. Li várias vezes. Ainda não superei o impacto. É um monstro jurídico que afronta a Constituição, restaura a mordaça ditatorial e demonstra uma sanha reacionária intensa. Pode dar margem a uma intensa onda conservadora e, como sempre, invocando altos princípios de neutralidade e cuidado com os alunos, cria a figura hedionda da censura a partir de um ponto de vista arcaico de sociedade. Em nome de um bem cínico (se estão preocupados com as crianças por que não fazem escola materialmente dignas?) atacam a essência do conhecimento. O texto é burro, a intenção é estapafúrdia, o resultado será um desastre. Ainda bem que Alagoas não tem nenhum problema grave a resolver no momento e pode se dedicar a isto. Imagine se o Estado tivesse violência ou desigualdade de renda ou microcefalia às dúzias e os deputados estivessem investindo pesado em calar críticos. Seria um horror, não é? Mas, vamos ao lado positivo. Haveria?


- os deputados federais brasileiros, após as declarações estapafúrdias de voto, tinham recebido a taça de ouro da infâmia e da limitação retórica. O Brasil inteiro sentiu vergonha daqueles seres. Em pouco tempo, as excelências de Brasília perderam o posto para os estaduais de Alagoas que estão com a taça platinum mega blaster. Provamos que Tiririca estava errado quando dizia: pior que tá não fica. Ficou. Tem um alçapão no fundo do poço da dignidade parlamentar e Alagoas descobriu antes de todos.

- as forças obscuras estão com medo dos professores. Talvez seja a melhor notícia. Temos um poder que não suspeitávamos. Eles sabem que somos inimigos do mundo reacionário deles, que garante boquinhas e prebendas. Acabamos de ser homenageados de forma indireta. Funciona como a exposição de arte "degenerada" que os nazistas fizeram: figurar nela era um ponto muito positivo. O sol há de voltar, mas ingressamos numa terrível noite escura. Tudo feito em nome de misericórdia e da justiça, aliás, este era o lema da Inquisição...

Sindicatos vão ao STF contra projeto que quer calar professores


Circulou no portal Repórter Alagoas  na manhã desta terça-feira, 26 de abril, a informação de que entidades sindicais vão recorrer ao Superior Tribunal Federal (STF) contra a aprovação da estapafúrdia proposta transformada em projeto de lei intitulado “Escola Livre”, pela Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas.

Sessão na Assembleia Legislativa de Alagoas.
Foto: Divulgação.
Segundo o artigo, a medida judicial visa suspender os efeitos da lei que tem como pano de fundo a punição aos professores que abordarem em sala de aula sobre política e religião, contrariando convicções de alunos, pais ou responsáveis.

Para o presidente do Sindicato dos Professores (Sinpro), Eduardo Vasconcelos, a ideia é discutir junto ao STF “a constitucionalidade do projeto”. Além do Sinpro, irão aderir a causa o Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinteal) e a Procuradoria do Estado.

O governador do estado Renan Filho (PMDB) chegou a vetar o projeto, porém derrubado pela maioria dos deputados ontem(26). Foram 18 votos a favor do projeto e oito contra. Com o feito, o governo tem 48 horas par a promulgação da lei.

A autoria dessa descabida e descontextualizada proposta é do Deputado Nezinho com mandato pelo PMDB.