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Nova política? "Esmola muita, o santo desconfia", por Helena Vieira



Os tempos são de desesperança generalizada com a política, com os partidos, com as eleições, muitos já não conseguem acreditar que as soluções para os nossos problemas sociais possam vir da política, dos partidos, dos sindicatos. A insegurança crescente, o aumento da pobreza, do desemprego parecem ser questões frequentemente insolúveis. Frente a esse sentimento de fracasso da política, é muito comum que estejamos todos, em alguma medida, em busca de saídas. Alguns, buscam a saída no autoritarismo de uma intervenção militar, outros esperam uma renovação na política.

Helena Vieira é escritora e ativista. (
Foto: Reprodução/ Facebook).
É muito comum que nos empolguemos com os discursos daqueles que dizem trazer as boas novas, as melhores intenções e a novidade. Quem não espera por uma novidade quando está sem rumo, não é? Mas é preciso ter muito cuidado. Uma mudança no paradigma da política é necessária, mas não é simples, é um caminho longo, que passa pela cultura, pela natureza das relações econômicas e de poder na nossa sociedade. É das contradições desta “velha política”, das nossas insatisfações e da transformação dessas dores em luta política que podemos produzir uma nova forma de fazer política. 

Não se pode fabricar a novidade. Não existe um curso, uma disciplina, uma aula que ensine ninguém a ser o novo, a renovação ou o emissário de uma nova política. Isso é artificial. A política capaz de transformar nosso mundo é a da luta. Não nos enganemos pensando que é na formação técnica que se faz a boa política, isso é a própria aniquilação da política, no sentido de que se apresenta como neutra.

Aqueles que dizem que a renovação política não é ideológica, é só “ pra frente” ou carecem de discernimento político ou querem esconder as próprias posições, afinal, na política a não-posição é um posicionamento. Em 2018 é bom que perguntemos: Quem financia a renovação da política? Já dizia a sabedoria popular, esmola muita o santo desconfia. (Com informações do O Povo).



Livro discute crise política brasileira pelo olhar das mulheres


Será lançado no próximo dia 2, às 19 horas, na sede do PSOL, em Fortaleza, o livro “Tem Saída? Ensaios Críticos sobre o Brasil”, da Editora Zouk. A publicação reúne formulações de dezenas de mulheres que buscam apresentar um panorama nacional sobre a situação política brasileira. Na programação, a presença de Helena Vieira (uma das autoras) e de Joanna Burigo (organizadora) que baterão papo com convidados.

A obra, que congrega ativistas de Norte ao Sul do País, ganha forma a partir do entendimento de que as crises pelas quais o Brasil passa são antigas, enraizadas na sociedade brasileira, e remetem à mesma saída: o aprofundamento do projeto democrático desde a base.

No rol de mulheres que compõem a iniciativa, referencia-se Helena Vieira. Única mulher trans a contribuir nesta coletânea, ela é radicada no Ceará e incide politicamente nas pautas relacionadas a direitos humanos. “É preciso resgatar a imaginação como potência política”, anima a autora. Para Helena, esta é uma das saídas possíveis apontadas para as crises que permeiam a esquerda e a política – assunto discorrido no livro.

SERVIÇO

*Sede do PSOL Ceará – Avenida do Imperador, 1397.

*Organização: Winnie Bueno, Joanna Burigo, Rosana Pinheiro-Machado, Esther Solano

*Autoras: Adriana Facina, Avelin Buniacá, Catarina Brandão, Daniela Mussi, Flávia Biroli, Fhoutine Marie, Helcimara Telles, Helena Vieira, Juliana Borges, Jussilene Santana, Laura Astrolábio, Laura Sito, Linna Ramos, Luciana Genro, Luka Franca, Manuela D’Ávila, Marcia Tiburi, Marielle Franco, Sâmia Bomfim, Suzane Jardim, Suelen Aires Gonçalves, Tatiana Roque, Tatiana Vargas Maia. (Com informações do Blog do Eliomar).



Helena Vieira, única mulher trans a contribuir na coletânea. 

Uma noite com Eduardo Bolsonaro: Entre o trágico e o patético, por Helena Vieira


Ontem eu estive em um "debate" com o Eduardo Bolsonaro e a Marisa Lobo em Baturité, no interior do Ceará. Era uma Audiência Pública sobre o "Projeto Escola Sem Partido". Baturité ameaçava ser a primeira cidade do nordeste a aprovar esse projeto. Estive eu, e muitos, dezenas de companheiros entre os convidados para falar contra essa mordaça. A favor, alguns pastores, o Bolsonaro e a Marisa Lobo. Eles falaram e saíram. Não esperaram para ouvir a réplica.

Arremessaram suas besteiras nas nossas caras e foram embora. Me impressionou a covardia deles, a incapacidade para o diálogo e o despreparo com que falavam. Eles são caricaturas.

Eduardo Bolsonaro foi recebido sob o grito intenso de " MITO! MITO! MITO!", muitos jovens gritavam, era estarrecedor. Gritavam e faziam gestos que representavam uma arma nas mãos. A linguagem profundamente militarizada, num tipo de performance, meio dramática e meio patética. Na ante-sala em que estávamos, aguardando o nosso momento de falar, ele chegou rodeado de seguranças e apoiadores locais. É o típico menino surfista marrento fanfarrão riquinho do Direito da UFRJ. O tipo que eu só tinha conhecido pela televisão.

Na mesma sala, a Marisa Lobo esbravejava porque não se sentia tratada com a dignidade que pensava merecer. Fazia lives queixando-se da Câmara, da Cidade, da estrutura. Era ela também autora de uma performance tragi-patética. A loira sulista dondoca perua escandalosa que bradava pra todo lado que devia ser melhor tratada pois viera de Curitiba e era esposa de um Deputado ( não sei que deputado e nem se é verdade).

Baturité é uma cidade muito forte. Havia, além dos seguidores do Bolsonaro, muitos movimentos sociais, fazendo oposição dura, vocal, física a eles. Era um tumulto só. Todas as falas se davam sob gritos, vaias e aplausos simultaneamente. Muitos LGBTs, estudantes, sindicalistas, mães de alunos, professores, e muitas mulheres de todos os tipos se opondo ao Projeto Escola Sem Partido. A resistência, ali, era também de gênero.

Quando chegou a minha vez de falar, o pessoal da Direita já tinha ido embora. Mas a Câmara seguia cheia. Foi muito cansativo. Foi muito bonito ver a resistência e a mobilização dos moradores de Baturité.

Me assusta a quantidade de jovens apoiando o Bolsonaro. Gritando pelo nome dele. Como é possível? Isso a gente vai ter de aprender a responder, e vamos ter de aprender a disputar as ideias desse pessoal.

Bolsonaro e afins são despreparados. Burros. Desonestos. Canalhas. Medíocres. É dessas características que o populismo autoritário se alimenta.

É bom nos prepararmos para lutas mais duras. (Publicado em seu perfil, no facebook).

* Helena Vieira é Assessora Parlamentar na Assembleia Legislativa do Ceará

Foto: Reprodução/ Facebook.