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Trajetória política de Leonel Brizola

 

Leonel Brizola.

Político gaúcho (22/1/1922-). Um dos principais líderes da esquerda trabalhista no Brasil. Nascido em Carazinho, de família pobre, Leonel de Moura Brizola trabalha como engraxate e ascensorista. Forma-se em engenharia em 1949. No ano seguinte casa-se com Neuza Goulart, irmã de João Goulart, futuro presidente da República. Seu padrinho é o então presidente Getúlio Vargas.

Filia-se ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), é deputado federal em 1954 e, no ano seguinte, prefeito de Porto Alegre. Eleito governador do Rio Grande do Sul em 1958, estatiza empresas multinacionais e inicia o processo de reforma agrária. Após a renúncia de Jânio Quadros (1961) chefia a campanha pela posse do vice-presidente João Goulart, que os militares queriam impedir.

Em 1962 elege-se deputado federal pelo estado da Guanabara, sendo o candidato mais votado do país. Resiste ao Regime Militar de 1964 e é cassado. Exila-se no Uruguai, de onde é expulso em 1977. Muda-se para os Estados Unidos e em seguida para Portugal. Com a anistia de 1979, volta para o Brasil. Tenta reorganizar o PTB, mas perde a sigla numa disputa com outros trabalhistas na Justiça Eleitoral.

Funda então o Partido Democrático Trabalhista (PDT), pelo qual se elege governador do Rio de Janeiro em 1982 e em 1990. É o candidato do PDT à Presidência da República em 1989 e em 1994. Em 1998 é candidato à Vice-presidência, na chapa de Luís Inácio Lula da Silva.

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Com informações do Só História.

Leonel Brizola faria hoje faria cem anos

 

Leonel Brizola faria 100 anos neste sábado (22) - https://blognaopassarao.blogspot.com/

Se estivesse vivo o ex-governador Leonel de Moura Brizola estaria completando cem anos. Filho de camponeses, Brizola nasceu no distrito de Cruzinha de São Bento, no interior do município de Carazinho, a 300 quilômetros de Porto Alegre.

Durante a campanha de 1989 estive lá refazendo o início da caminhada de Brizola para o jornal O Globo. Conversei com primos do ex-governador, companheiros de infância dos tempos em que ele carregava malas na estação ferroviária da cidade enquanto fazia as primeiras letras. E até com o chefe político da cidade de Colorado que, na revolução de 1923 havia mandado matar o pai de Brizola.

Todos, sem exceção, admiravam a trajetória daquele que agora era um dos candidatos a presidente de República. Brizola foi governador do Rio Grande do Sul e iniciou um processo de desenvolvimento do Estado cuja visão somente foi retomada no governo Olívio Dutra 40 anos mais tarde.

Construiu milhares de escolas, todas de madeira para terem construção rápida, muitas delas ainda estão de pé cumprindo sua missão de ensinar as crianças gaúchas. No Rio de Janeiro construiu os CIEPS, escolas de tempo integral. Para ele, educação era a ferramenta essencial para o processo de conscientização do povo e a construção do Brasil novo.

Em 1962, atendendo as reivindicações de arrendatários de terras organizados no Movimento de Agricultores Sem Terra (MASTER), realizou a primeira Reforma Agrária da história da República brasileira, desapropriando 13 mil hectares no Banhado do Colégio, em Camaquã, drenando o banhado e construindo um projeto de canais de irrigação abaixo de uma grande barragem no arroio, onde até hoje, colonos assentados cultivam arroz e milho irrigados. Para ele a Reforma Agrária era uma das bases do desenvolvimento econômico trancado há séculos pelo latifúndio improdutivo.

Criou empresas para produzir o que era importado pelos gaúchos, a Açúcar Gaúcho S/A (AGASA) em Santo Antônio da Patrulha, aproveitando cultura de cana do Litoral. A Salgasa, tentativa da produção de sal entre Cidreira e Tramandaí, introduziu o cultivo da cebola no Litoral Norte, para substituir a importação de cebolas argentinas e pernambucanas. Ele entendia que as regiões deveriam produzir tudo o que pudessem para a sobrevivência e a soberania alimentar de seus povos, evitando o atrelamento a um sistema de transporte. Tudo isso foi sucateado pelos militares a serviço dos imperialistas que ajudaram a transformar o Brasil em uma grande colônia especializando a produção em cada uma das regiões.

Democrata convicto, organizou a resistência ao golpe em 1961, criando a Rede da Legalidade através de rádios de todo o Rio Grade do Sul, comandadas dos porões do Palácio Piratini por ele mesmo ao microfone. Aliás Brizola usou rádio como poucos, quando governador tinha um programa as sextas-feiras de noite em rede de rádios que era ouvido pela maioria dos gaúchos. Dialogava diretamente com as pessoas e ouvia suas reivindicações.

Em 1964 se exilou no Uruguai e de lá comandou movimentos de resistência como o de Três Passos liderado pelo coronel Jeferson Cardin com os Grupos dos 11 e a Guerrilha de Caparaó, em Minas Gerais, onde esteve o jornalista Flávio Tavares. Em 1979 retornou do exílio e refundou o Partido Trabalhista Brasileiro, cuja legenda perdeu para a deputada paulista Ivete Vargas, criou então o PDT. Por este partido elegeu-se governador do estado do Rio de Janeiro e mais tarde concorreu à Presidência da República, depois concorreu como candidato a vice-presidente na chapa do PT, liderado por Luís Inácio Lula da Silva.

A liderança de Brizola hoje está substituída pela força de Luís Inácio Lula da Silva, que acredita nos mesmos princípios e na mesma politica de alianças que poderá devolver ao Brasil a democracia e a economia independente que está sendo destruída pelo atual desgoverno.

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Por Walmaro Paz, originalmente no Brasil de Fato.

Rede da Legalidade: 1961, quando o povo venceu

 

Em 1961, resistência popular impulsionada por Leonel Brizola barrou golpe desencadeado por renúncia de Jânio Quadros. (FOTO/ Museu da Comunicação Hipólito José da Costa).

A Terra é Redonda – Será que o povo existe? Será que ele é como o monstro do Loch Ness, na Escócia, que quanto mais se deixa vislumbrar em fotos fugidias, mais se levantam as dúvidas sobre sua existência? Dizem as constituições que o povo é soberano e que os poderes serão exercidos em seu nome, mas a gente sabe que isto é uma quimera. As esquerdas, em geral, não gostam do termo “o povo”, vendo nele uma artimanha das classes dominantes para manter o jugo sobre as classes subalternas. Mas as esquerdas, em geral, também não gostam das palavras “nação” e “nacionalismo”. No entanto, elas existem, e mobilizam. Claro, podem mobilizar à direita, com xenofobia e outros preconceitos. Mas também podem mobilizar à esquerda, junto com a luta anti-imperialista.

São palavras que podem mudar de sentido, conforme a latitude e a longitude em que estejam. Na Europa, em 90% dos casos, “nacionalismo” aparece nos discursos da direita, com “xenofobia” e “autoritarismo” em conexão. Porém, ao cruzar o Atlântico, a palavra foi mudando de cor, se avermelhando, até florir na América Latina junto com as lutas de libertação contra o jugo colonial e imperialista.

Aqui e ali, o Povo, de fato, se deixa vislumbrar, num alumbramento, para quem o viu e ouviu. Um destes momentos foi o do final de agosto de 1961, sessenta anos atrás. Eu tinha 14 anos e meio. Um belo dia, 25 de agosto, como um raio em céu de brigadeiro, estourou a notícia: o presidente Jânio Quadros renunciara.

Auto-golpe

Por que ele fez aquele gesto? Para dar um auto-golpe, dizem uns, esperando que o Povo aparecesse e o reconduzisse ao poder com poderes excepcionais, descartando a Constituição Federal. Mais ou menos como o atual usurpador do Palácio do Planalto quer fazer, sem recorrer a renúncia. Há uma diferença entre ambos: Jânio queria mesmo que o Povo, assim com maiúscula, o reconduzisse. Já a usurpador de hoje, cada vez mais acuado, espera que o “seu povo” o reconduza, essa arraia miúda composta pela soldadesca, oficiais de ou sem pijama, por milicianos, bandidos, motoqueiros da segunda e da terceira idade, a escória empresarial, os ruralistas e caminhoneiros de cabeça quente e arma debaixo do casaco, a lumpen-burguesia, os negociantes dos templos em nome de Jesus, a ralé, a escória e quejandos. A ver.

Mas há também quem diga que Jânio renunciou porque faltou alguém que o trancasse no banheiro. Provavelmente ambas as versões têm sua dose ou ponta de razão. Hoje se sabe que Jânio padecia de momentos de profunda depressão. Sobretudo a partir de quinta ou sexta-feira à tarde, quando todo o mundo político saía de Brasília, até segunda ou terça-feira, quando o mesmo mundo voltava. O presidente tinha de ficar em Brasília, sozinho. Há relatos pungentes – não confirmados, também como o monstro do Loch Ness – de que o presidente, nas noites de sexta-feira e sábado, sentava-se na sala de cinema do Palácio do Planalto com uma garrafa de uísque ao lado e ficava assistindo um faroeste até que ambos – o filme e a garrafa – terminassem. Vá se saber.

 

O inesperado aconteceu

O fato que se sabe é que, para provável surpresa do presidente, o Congresso Nacional aceitou a renúncia. E outro fato que se sabe é que os ministros militares – Odylio Denys, da Guerra (hoje se diz do Exército), Grum Moss (da Aeronáutica) e Silvio Heck (da Marinha) – vetaram a posse do vice João Goulart, que se encontrava em viagem à China, a mando do presidente Jânio Quadros.

Para muitos isto corrobora a hipótese da auto-conspiração janista: que no momento da renúncia o vice se encontrasse num país comunista, o que aumentaria a suspeita de que ele quisesse instaurar um regime revolucionário e sindicalista. Logo Jango!, sempre hesitante, timorato e conciliador.

Entretanto, o inesperado aconteceu. O governador Leonel Brizola não aceitou o golpe, mobilizou a Brigada Militar (a PM do Rio Grande do Sul), entrincheirou-se no Palácio Piratini, sede do governo estadual, requisitou a rádio Guaíba e deu começo àquilo que entraria para a História como o Movimento e a Rede da Legalidade.

Insatisfeitos com a pregação do governador, os ministros militares deram ordem para que ele se calasse. Consta que o general Costa e Silva telefonou para ele, exigindo que interrompesse as emissões radiofônicas da Rede da Legalidade. “Ninguém vai dar o golpe pelo telefone”, foi a resposta que o general recebeu.

Povo em cena

Depois de momentos excruciantes, o comandante do III Exército, sediado em Porto Alegre, então o maior e mais bem armado do país, aderiu ao movimento de resistência contra o golpe. O ponto mais dramático desta expectativa foi a chegada da notícia de que uma coluna de blindados saíra do seu quartel, no bairro da Serraria, e vinha para o centro da cidade. Para onde apontariam os tanques? No final, um alívio: os tanques ocuparam o cais do porto, onde navios da Marinha ali estacionados, com comandantes favoráveis ao golpe, ameaçavam bombardear o Palácio Piratini. Mas outros momentos dramáticos se seguiriam.

Desesperados diante do sucesso da resistência, os ministros golpistas deram ordem para que os aviões da 5a. Zona Aérea, sediada em Canoas, na Grande Porto Alegre, levantassem voo e bombardeassem o Palácio. A senha era: “Tudo azul em Cumbica”, porque os jatos Gloster Meteor deveriam executar a ordem e rumar para São Paulo, pousando na Base Aérea assim chamada, em Guarulhos. Um rádio-amador captou a ordem e avisou o governador Leonel Brizola, que fez uma despedida histórica pela Rede da Legalidade, dizendo que resistiria até o fim e pedindo a todos que ficassem em casa. Aconteceu o contrário.

Pois foi no meio deste torvelinho que o Povo entrou em cena. Quando o carro do general Machado Lopes chegou à Praça da Matriz, em frente ao Palácio Piratini, a multidão compacta deteve o veículo. E começou a cantar o Hino Nacional. O militar saiu do carro, se perfilou e cantou junto. Foi o sinal dado de que ele vinha para aderir ao movimento, não para sufocá-lo.

Situação tensíssima

Na sequência, chegou um jipe da Aeronáutica. A multidão, que nesta altura era calculada em 100 mil pessoas (Porto Alegre, na época, tinha uns 650 mil habitantes), bloqueou-lhe o caminho, aos brados de “golpistas” e “assassinos”, pois já sabia da ordem de bombardeio, mas não recuava. Começaram a tentar virar o veículo. Desesperado, o sargento que dirigia o carro, com um acompanhante, gritou (mentiu) que era primo do governador Brizola, e que vinha lhe pedir ajuda. A multidão deixou os dois passarem.

Nova notícia: durante a madrugada os sargentos da Base Aérea rebelaram-se, e, armados, cercaram o alojamento onde os oficiais se preparavam para levantar voo e cumprir a ordem assassina.

A situação era tensíssima. Alertado, o general Machado Lopes enviou um destacamento para ocupar a Base de Canoas. Os oficiais golpistas fugiram para São Paulo, em aviões desarmados. Assumiu o comando o tenente-coronel aviador Alfeu de Alcântara Monteiro, legalista.

Defesa da Legalidade

Era o dia 28 de agosto de 1961. Ali estava, sem dúvida, deixando-se vislumbrar, o Povo mobilizado. Por que o Povo? Porque não há estatística que cubra aqueles 100 mil, e os demais que passaram a se espalhar pela cidade, levando bandeiras, panfletos e palavras aladas conclamando a defesa da Legalidade. Qual o percentual de trabalhadores ali presentes? De estudantes? De classes médias? De médicos, engenheiros, advogados, funcionários públicos, aposentados, professores, etc.? De jovens e velhos? De homens e mulheres? Até de militares à paisana, além dos da Brigada Militar, armados até os dentes nas trincheiras de sacos de areia improvisadas ao redor do Palácio? É impossível saber. Não só porque não se fez esta estatística, mas porque o que ali estava era o resultado de uma transubstanciação, uma mudança de identidade e de natureza, mesmo que fugaz e momentânea. A massa de gente dispersa e acomodada pusera-se de pé e transformara-se em “o Povo”.

Paulo César Pereiro, inspirando-se na Marselhesa, compôs a música e a poeta Lara de Lemos a letra do Hino da Legalidade: “Avante, brasileiros, de pé,/Unidos pela Liberdade./Marchemos todos juntos com a bandeira/Que prega a Lealdade.//Protesta contra o tirano/Que prega a traição,/Que um Povo sé será grande/Se for livre sua Nação!”. Nas manifestações, tornou-se o complemento do Hino Nacional e do Hino Riograndense, que relembrava os legendários Farrapos e Garibaldinos de antanho.

Decepção com Jango

O que se seguiu depois foi a série atribulada de movimentações militares, de negociações palacianas, com a adoção provisória do regime parlamentarista (desativado pelo plebiscito de 1963). Houve uma decepção generalizada quando, já de retorno ao Brasil, ainda em Porto Alegre, João Goulart aceitou a chamada emenda parlamentarista, desarticulando o Movimento da Legalidade. O Povo, novamente reunido na Praça da Matriz, vaiou-o sem dó nem piedade, jogando-lhe um rosário de palavrões impublicáveis aqui. A tal ponto chegou a fúria da multidão que Brizola decidiu tirar dali o vice-presidente, fazendo-o sair pelos fundos ou pelos subterrâneos do Palácio até um ponto seguro de onde ele pudesse tomar rumo.

Ainda houve outros momentos trepidantes, como aquele em que um grupo inconformado de oficiais da Aeronáutica decidiu derrubar o avião em que Jango seguiria de Porto Alegre para a capital, na chamada “Operação Mosquito”. Uma complexa “Operação Tática” de resposta àquela foi montada a partir de Porto Alegre, garantindo o voo e o pouso em segurança no aeroporto de Brasília.

Nos anos que se seguiram os conspiradores de 61 tornaram-se os vitoriosos golpistas e canalhas de 64, quando o Povo perdeu e se desarticulou, para reaparecer, apenas nas manifestações pelas Diretas, em 83/84, com ganhos e perdas, até os funerais de Tancredo Neves, em 1985.

Anoiteceu mais cedo

O antes mencionado tenente-coronel Alfeu de Alcântara Monteiro, já promovido a coronel aviador, foi assassinado em 4 de abril de 1964, na mesma Base Aérea de Canoas, cujo comando assumira em 1961, como oficial legalista. Naqueles dias logo depois do golpe de abril, as luzes das ruas de Porto Alegre não eram acesas à noite. Lembro de uma dessas noites, em que eu estava à porta de nossa casa, e meu pai me falou: “entra, meu filho, hoje anoiteceu mais cedo”. Acho que era a noite deste mesmo dia 4 de abril.

De qualquer modo, as imagens e o canto de o Povo permanecem indeléveis nos olhos e nos tímpanos de quem O viu e ouviu, ainda que estejam um tanto desgastados pelo tempo.

P.S. Para quem não viu, recomendo o filme (ficcional e histórico) Legalidade (2019), dirigido por Zeca Brito. Uma surpresa: o pai do diretor atua como o Leonel Brizola já ancião, ao final do filme. Sua parecença com o ex-governador é tamanha, que houve quem pensasse que o próprio Brizola tivesse encenado seu papel, no fim da vida.

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Texto do professor aposentado, jornalista e escritor Flávio Aguiar, publicado originalmente na RBA.

Leonel Brizola é incluído no “livro dos Heróis da Pátria”



A presidenta Dilma Rousseff sancionou lei aprovada pelo Senado que inclui o político gaúcho Leonel Brizola no Livro dos Heróis da Pátria, que homenageia brasileiros que se destacaram na defesa e construção da história nacional. A lei foi publicada hoje (29) no Diário Oficial.

O livro, com páginas de aço, fica exposto no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Leonel Moura Brizola. Foto: Reprodução do Blog  do Memorial do RS.

Fundador do PDT, Leonel de Moura Brizola nasceu em 1922, em Carazinho, no Rio Grande do Sul, e morreu no Rio de Janeiro, em 2004. Foi o único político brasileiro a governar dois estados diferentes: o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro. Também foi prefeito de Porto Alegre, deputado estadual e deputado federal.

Brizola, teve participação expressiva na luta contra a ditadura militar e, após o golpe de 1964, viveu no exílio no Uruguai, Estados Unidos e Portugal até voltar ao Brasil com a Lei da Anistia. Foi candidato à Presidência da República por duas vezes e candidato à vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de 1998, quando foram derrotados por Fernando Henrique Cardoso.

O nome do político gaúcho vai aparecer no livro ao lado de nomes como Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Dom Pedro I, Duque de Caxias, Alberto Santos Dumont, Chico Mendes, Getúlio Vargas, Heitor Villa Lobos e Anita Garibaldi, entre outros.

Prazo

A lei sancionada por Dilma também altera o tempo necessário para que uma personalidade possa ser homenageada no Livro dos Heróis da Pátria após sua morte, de 50 para dez anos. “A distinção será prestada mediante a edição de lei, decorridos 10 (dez) anos da morte ou da presunção de morte do homenageado”, diz a nova redação.



Comissão de Educação aprova projeto que inclui nome de Brizola no Livro dos Heróis da Pátria



A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) aprovou, nesta terça-feira (12), projeto que inclui o nome de Leonel de Moura Brizola no Livro dos Heróis da Pátria. Lançado na vida política por Getúlio Vargas, ele foi o único político do país eleito em votação popular para governar dois estados diferentes — Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Também se notabilizou pela atenção que sempre deu ao tema da educação e pela resistência ao regime militar instalado em 1964.

A matéria, que agora irá a Plenário para decisão final, teve origem na Câmara dos Deputados. De autoria do ex-deputado Vieira da Cunha, o projeto (PLC 67/2014) também altera a legislação para diminuir a exigência de 50 anos da morte do homenageado para a inclusão de seu nome no livro.

O autor sugere o tempo máximo de dez anos. Para isso, muda a Lei 11.597/2007, que trata da inscrição de nomes no Livro dos Heróis da Pátria. Para Vieira da Cunha, é de fato necessário um período de tempo entre a data da morte e a edição de lei para que os homenageados ganhem lugar no Livro dos Heróis. Porém, considera que 50 anos “é tempo excessivamente longo, que não se justifica”.

O Livro dos Heróis da Pátria fica exposto no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e serve de homenagem aos brasileiros que se destacaram em defesa do país. Nele estão inscritos, entre outros, Tiradentes, Zumbi dos Palmares e Santos Dumont.

Filho de camponeses pobres, Brizola nasceu em Carazinho, município do interior do Rio Grande do Sul, no dia 22 de janeiro de 1922. Batizado como Itagiba de Moura Brizola, cedo adotou o nome de um líder maragato da Revolução de 1923, Leonel Rocha.

Ele faleceu aos 82 anos, em 21 de junho de 2004. No ano passado, portanto, completou-se dez anos desde sua morte.

Papel marcante

A relatora da matéria na CE, senadora Ana Amélia (PP-RS), se manifestou a favor da aprovação do projeto. Mesmo sem ter chegado ao posto de presidente da República, conforme assinalou, Brizola marcou a história do Brasil e merece todo o reconhecimento.

Entre outros fatos, ela citou a atenção especial que Brizola sempre deu à educação, desde seu governo no Rio Grande do Sul. Lembrou que, no Rio de Janeiro, o político criou os Centros Integrados de Educação Pública, os conhecidos Cieps, escolas de tempo integral com toda a infraestrutura para estimular a aprendizagem.

— Penso que proposição para incluir seu nome no Livro dos Heróis é uma homenagem mais do que merecida — argumentou a senadora.

Cristovam Buarque (PDT-DF) destacou o papel de Brizola para garantir a posse do vice-presidente João Goulart no lugar de Jânio Quadros, que renunciou ao posto em 1961. Para isso, formou a chamada Rede da Legalidade, conectando emissoras de rádio de todo o país em defesa da solução constitucional, ante a ameaça de um golpe militar desde então.

— A Cadeia da Legalidade foi um marco da história desse país, o marco de uma ação de cidadania e uma demonstração de como alguém pode pegar o microfone e resistir, já que não tinha acesso a canhões para enfrentar os militares — comentou.

Lídice da Mata (PSB-BA) lembrou que, em sua reentrada na vida política após o retorno do exílio, Brizola apresentou ao país sua proposta de um “socialismo moreno”, ideia acompanhada de “forte abordagem da questão racial”. Por isso, atraiu para os quadros do PDT, que ele criara, destacadas lideranças do movimento negro, como Abdias Nascimento, que foi senador, e Carlos Alberto Oliveira, que chegou à Câmara dos Deputados.

— A luta de Brizola se inspirou em Joaquim Nabuco, quando abordou a educação e soube, com toda perspicácia, destacar a bandeira da questão racial, que até então os partidos de esquerda consideravam menor, já que não se referia à luta de classe — disse a senadora.

Histórico

Com 23 anos de idade, Leonel Brizola foi um dos fundadores do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) no Rio Grande do Sul. Um ano depois, em 1946, ele já seria eleito deputado estadual, iniciando sua longa carreira política. Em 1958, Brizola se elegeu governador do Rio Grande do Sul, com mais de 55% dos votos válidos.

Após o golpe militar de 1964, Brizola, que era diretamente ligado ao presidente deposto, perdeu seus direitos políticos e se exilou no Uruguai. Em 1979, beneficiado pela Lei da Anistia, ele retorna ao país. No mesmo ano, funda o Partido Democrático Trabalhista (PDT), retomando sua vida política.

Em 1982, Leonel Brizola foi eleito governador do estado do Rio de Janeiro, cargo para o qual foi novamente eleito em 1990. Suas administrações foram marcadas pela criação de dezenas de Cieps, onde as crianças recebiam três refeições diárias.

Brizola: a vitória do bom senso sobre a manipulação

Aproveitando a deixa de Rodrigo Vianna, que publicou a íntegra do vídeo abaixo, eu fiz um recorte mais sintético para os internautas.

Brizola era o político mais consciente dos riscos corridos pelos cidadãos brasileiros, ao serem bombardeados diariamente pelas pressões de uma mídia que defende interesses que não são os do povo.

Nesse discurso, ele faz uma síntese das armas do povo para se proteger contra essas pressões: a razão e o bom senso.

                               

A análise é de Miguel do Rosário e foi publicado originalmente no Tijolaço