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Marielle: as mentiras levam a um site-fantasma ligado ao MBL



Ao percorrer a onda de mentiras contra Marielle Franco o jornal O Globo, apoiado em  dados colhidos pelo Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) ,  encontrou uma peça fundamental que já tinha sido denunciada no ano passado pelo Catraca Livre : o site ceticismo político,  sem expediente nem fonte de contato, usado frequentemente como referência pelo MBL. Portanto, um site-fantasma.

Seu suposto editor Luciano Ayan é um mistério: não há nenhuma foto dele nem dados sobre sua vida em fontes confiáveis. O site é registrado na Dinamarca - portanto, é impossível rastrear seus verdadeiros donos.

Esse site foi, no ano passado, um dos núcleos de ataque contra o Catraca Livre, no geral, e seu fundador, Gilberto Dimenstein, em particular, quando investigamos as ações do MBL nas redes sociais, usando sites e perfis falsos. Para ver as ligações do site com o MBL basta fazer uma procura do Google. É uma infinidade de posts elogiando ou defendendo o MBL produzidos pelo Ceticismo Político.

Mas o MBL afirma não conhecer Luciano Ayan. Ou seja, elas replicam há anos um site, a quem conferem crediblidade, sem nunca se perguntar quem é o editor. Ou mesmo se existe,
Mostramos o funcionamento do JornaLivre, que não tinha nome de editor nem expediente. Diante da pressão, "Roger Scar" assumiu a autoria. É uma rede que se alimenta, compartilhando  posts e perfis. Neste ano, o Ceticismo Político atacou duramente João Dória porque Dimenstein foi condecorado como a medalha Cidade de São Paulo - a mesma opinião foi compartilhada por sites que giram em torno do MBL.
O Ceticismo Político validou as opiniões da desembargadora Marília Neves contra Marielle Franco, acusando-a de vinculações com o crime organizado. O link foi compartilhado 360 mil vezes no Facebook, graças a essa dobradinha com o MBL.
Leia um trecho da matéria do O Globo:

Luciano Ayan tem o domínio ceticismopolitico.org desde novembro de 2017. O site está registrado por uma empresa com sede na Dinamarca, usada para manter oculto o nome verdadeiro do proprietário do domínio. Ayan já usou o artifício em outras ocasiões. Antes, ele manteve o Ceticismo Político com outro endereço — o ceticismopolitico.com. Na ocasião, o domínio estava registrado por uma empresa do Canadá, também usada para esconder o proprietário real do site.

A atuação de Ayan é motivo de controvérsia na internet antes mesmo da criação do Ceticismo Político. Em 2004, quando a rede social mais popular era o Orkut, Ayan era apontado como dono de comunidades que estimulavam polêmicas. Sem revelar a real identidade, Ayan também não exibe fotos em suas contas nas redes sociais. Além da página do Ceticismo Político no Facebook, que tem 105 mil seguidores, ele mantém o perfil Luciano Henrique Ayan, com cerca de 2,4 mil seguidores.

O GLOBO perguntou ao MBL por que o grupo publica conteúdos de Luciano Ayan mesmo alegando não conhecê-lo:

— Porque a gente prefere compartilhar o que bem entende e prefere acreditar na mídia independente do que no GLOBO — respondeu Renato Battista, um dos coordenadores do grupo. (Com informações do Catraca Livre).


Crédito/ Esse infográfico produzido  pelo jornal O Globo mostra a rota das mentiras contra Marielle.

Papa Francisco presta solidariedade à família de Marielle



O Papa Francisco telefonou para a mãe de Marielle Franco para prestar solidariedade a ela e à família no início da tarde desta quarta-feira (21), pouco antes do início da missa de sétimo dia da jovem brutalmente assassinada na semana passada. A ligação do pontífice foi anunciada na própria cerimônia e confirmada, pouco tempo depois, pela ONG La Alameda.

Papa Francisco falou ao telefone com a mãe de Marielle. Foi a filha de Marielle que escreveu uma afetuosa carta ao papa”, postou, em suas redes sociais, Gustavo Vera, diretor da ONG amigo pessoal do Papa. Foi o próprio Gustavo, inclusive, que entregou ao pontífice uma carta redigida pela filha de Marielle, Luyara, pedindo para que Francisco rezasse pela família, pelas mulheres e pelo povo negro do Rio de Janeiro.

Ao jornal O Globo, a irmã de Marielle, Anielle Silva, disse que sua mãe, a advogada Marinete Franco, ficou “muito emocionada”.

Ela ficou tão emocionada que não entendeu muito o que ele falou. Ela contou que o Papa disse o nome de Marielle, prestou solidariedade e disse que estava rezando pela família”, afirmou.

Nos últimos dias, o Brasil foi tomado por manifestações em memória da vereadora do PSOL e ativista dos direitos humanos executada no Rio de Janeiro. Atos inter-religiosos foram realizadas ainda em capitais do exterior e o caso de Marielle chegou a ser capa do jornal norte-americano The Washington Post. (Com informações da Revista Fórum).


(Foto: Twitter/ Pontifex).

Cem entidades internacionais denunciam Brasil na ONU e cobram governo Temer no caso Marielle



O Brasil será denunciado, hoje, por mais de 100 entidades internacionais, no plenário da 37ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, Suíça, pela execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, na última quarta-feira, dia 14 de março, e por causa da situação em Acari, região periférica do Rio de Janeiro com mais casos de violência e assassinatos cometidos por policiais no Rio de Janeiro.

Na denúncia, o Brasil é instado “a assegurar uma investigação imediata, imparcial e independente, processando os responsáveis materiais e intelectuais deste crime, com a competência e a abertura para a possibilidade de o assassinato ter sido uma execução extrajudicial.” O governo brasileiro também será cobrado “a dar proteção efetiva aos sobreviventes desse ataque, como testemunhas-chave desta atrocidade”.

Segundo o articulador das entidades que farão a denúncia, Paulo de Tarso Lugon Arantes, advogado internacional e militante de Direitos Humanos, “a intervenção federal, que acabou se configurando como militar, não oferece salvaguarda aos moradores das comunidades afetadas. Além de ser uma medida com interesse eleitoral, tem sua constitucionalidade questionada no STF”. Ele afirma ainda, que o decreto assinado por Michel Temer, sem as salvaguardas de Direitos Humanos, funciona na prática, “como uma ‘licença para matar’, visto que os generais afirmaram publicamente não querer uma nova Comissão da Verdade apurando as ocorrências, e sugerindo que os eventuais casos envolvendo militares deveriam ser analisados pela Justiça Militar, aumentando a chance de impunidade”. Outra preocupação das entidades é com o funcionamento do Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos, que vem sofrendo uma série de cortes orçamentários e tendo sua aplicabilidade dificultada nos Estados. Segundo Arantes, o Brasil aceitou recomendação na Revisão Periódica Universal (RPU-2017) – encontro em que os países se avaliam mutuamente, quanto a situação de direitos humanos, gerando um conjunto de recomendações – para reestruturar e ampliar o financiamento do Programa, mas até agora não saiu do papel. Levantamento de entidades ligadas aos Direitos Humanos mostram que, só este ano, 12 lideranças políticas já foram assassinadas, somando 194 vítimas nos últimos 5 anos.

A denúncia será lida, em plenário, por Mariana Tavares, jovem negra, tataraneta de escravos, que conseguiu uma bolsa de estudos para fazer mestrado em “Antropologia e Sociologia do Desenvolvimento” no “Graduate Institute of International and Development Studies”, em Genebra.

Também será apresentado à relatora especial da ONU sobre execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias, Agnès Callamard, um vídeo com denúncias que relatam a perseguição e os diversos casos de violência sofrido pelos moradores de Acari. Ocorrências que fizeram parte substancial das denúncias públicas feita pela vereadora Marielle Franco.

Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas

Todo o material será objeto de análise das relatorias da ONU que tratam do racismo, execuções sumárias e proteção aos defensores de Direitos Humanos, para que o Brasil seja instado a prestar contas da investigação conduzida pelas autoridades competentes, e a oferecer proteção oficial àqueles que denunciam a violência policial nas comunidades afetadas, conforme consta na Declaração da ONU sobre Defensores de Direitos Humanos, Resolução 53/144 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 9 de Dezembro de 1998, que diz no 12º artigo, parágrafo 2: “O Estado deverá adotar todas as medidas adequadas para garantir que as autoridades competentes protejam todas as pessoas, individualmente e em associação com outras, contra qualquer forma de violência, ameaças, retaliação, discriminação negativa de fato ou de direito, coação ou qualquer outra ação arbitrária resultante do fato de a pessoa em questão ter exercido legitimamente os direitos enunciados na presente Declaração”.

O Itamaraty lançou forte ofensiva para barrar a denúncia no Conselho. Segundo apuração da reportagem, a chancelaria enviou dois telegramas a todas as suas embaixadas do mundo, instruindo os diplomatas a entrarem em contato com autoridades locais e com formadores de opinião para “expor de maneira mais ampla possível as medidas tomadas pelo governo para esclarecer o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes”.

Em junho de 2016, o governo interino de Michel Temer, por meio da seu ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, suspendeu a criação de novos convênios do Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (PROVITA). O Programa não atende somente os defensores de Direitos Humanos e, desde 1999, passou a ser de responsabilidade dos Estados. De lá para cá novos cortes foram feito ao programa, que também esbarra em barreiras burocráticas para ser implantado com eficiência.

Em um debate ocorrido no dia 6 de março, no Rio de Janeiro, chamado Dia D da Proteção, que discutiu o PROVITA, Alice de Marchi, da ONG Justiça Global e integrante do Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos, revelou que a situação piorou depois que a Intervenção Federal foi implantada no Rio de Janeiro. Segundo ela, “pessoas que estão defendendo o direito à vida já vem sendo criminalizadas, perseguidas, simplesmente por desempenharem seu trabalho extremamente nobre, digno, justificado, que é o de defender Direitos Humanos. Quando há uma intervenção, que ainda monitora, mapeia, criminaliza ainda mais esses sujeitos sociais, é importantíssimo que a sociedade esteja de olhos bem abertos, muito atentas, para que esse processo não recrudesça ainda mais no momento que a gente está vivendo.

Para Roberta Maristela, promotora de Justiça do Rio de Janeiro e conselheira do Provita no Estado, “infelizmente o sistema tem deficiências. Existe uma falta de informação das portas de entrada do PROVITA. A Polícia Civil, a Polícia Militar, não tem muita informação de como se ingressa no Programa. No próprio Ministério Público e na Defensoria Pública existe essa deficiência. E existe um tempo, até a pessoa ser ouvida pela entidade gestora, passar por essa triagem, ter a decisão do Conselho e conseguir ingressar no Sistema.”

Veja o vídeo com as denúncias apresentadas ao Conselho de Direitos Humanos:


Abaixo, a íntegra do documento a ser apresentado na reunião da ONU nesta terça-feira.

Conselho de Direitos Humanos
37º Período Ordinário de Sessões
Item 8 – Acompanhamento e implementação da Declaração de Viena sobre os Direitos Humanos

Declaração conjunta de [….] *
Sr. presidente,

A proteção efetiva dos defensores dos direitos humanos é essencial para a implementação doméstica da Declaração de Viena.

A vereadora Municipal Marielle Franco e seu piloto Anderson Gomes foram brutalmente executados no dia 14 de março no Rio de Janeiro, Brasil. O mandato parlamentar de Marielle centrou-se no racismo estrutural e na violência policial sofrida pelos pobres, negros e jovens nas favelas e no empoderamento de mulheres negras e da comunidade LGBTI.

Este ataque brutal ocorre no contexto de uma intervenção federal altamente militarizada no Estado do Rio, decretada pelo Presidente, contrários a vontade das comunidades locais. De fato, as preocupações sobre a intervenção foram destacadas pelo Alto Comissário em sua declaração durante esta sessão.

Muitos que falam a verdade ao poder no Brasil enfrentam violência e estigmatização sem precedentes, já que o país está no topo das mortes dos defensores. Marielle e Anderson foram mortos a tiros no carro, retornando de uma rodada de debate com mulheres negras. Marielle foi nomeada relatora de um comitê parlamentar para supervisionar os abusos da ação militar no Rio. O programa de proteção dos defensores permanece subfinanciado e insuficiente.

A força, o engajamento e o espírito de sororidade de Marielle devem servir de fonte de inspiração para o trabalho necessário para a promoção e proteção dos direitos humanos, em particular para os grupos mais marginalizados.

Instamos o governo brasileiro a assegurar uma investigação imediata, imparcial e independente, processando os responsáveis materias e intelectuais deste crime, com a competência e a abertura para a possibilidade de o assassinato te sido uma execução extrajudicial. Também instamos as autoridades a dar proteção efetiva aos sobreviventes desse ataque, como testemunhas-chave desta atrocidade.

Obrigado.”

(Com informações  de Gustavo Aranda do Jornalistas Livres).

(Foto: Reprodução: Jornalistas Livres).



“Tava chorando a defensora de bandido”: O que nos diferencia das bestas?



''Tava chorando a defensora de bandido, Sakamoto?'' Voltando do protesto por conta da execução de Marielle Franco, que passou pela avenida Paulista, na noite desta quinta (15), ouvi a frase dita pela voz de um rapaz, acompanhada de risos de outros, provavelmente seus amigos. Dessa vez não me dignei a olhar para trás e fazer alguma brincadeira, como sempre. Apenas respirei fundo, muito fundo, e segui meu caminho, pensando na tristeza que é ter orgulho da própria ignorância.

Já havia me deparado com centenas de comentários ao longo do dia que celebraram o assassinato de Marielle – liderança feminista, do movimento negro e da comunidade da Maré, no Rio de Janeiro, e quinta vereadora mais votada da capital carioca – e de seu motorista Anderson Gomes. Boa parte deles repetia exaustivamente abominações típicas de quem não faz ideia do que seja esse pacote mínimo de garantias para nossa dignidade.

Alguns dos leitores, aliás, acham que direitos humanos é o nome de um grupo de pessoas. Escreveram que ''com a morte dessa mulher, vai ter menos direitos humanos por aí'' ou algo semelhante.

Parte desses jovens acha que está sendo subversiva e revolucionária, pois luta contra a ''ditadura dos direitos humanos''. Essa ditadura, claro, é uma ficção. Pois se eles fossem minimamente respeitados não teríamos essa taxa pornografia de homicídios, mulheres sendo estupradas, negros ganhando menos do que brancos e pessoas morrendo por amar alguém do mesmo sexo. Não teríamos pessoas sendo executadas por defender a qualidade de vida de outras, inclusive daquelas que querem o seu mal.

Achei que valia a pena retomar trechos de um texto que eu havia escrito, em dezembro passado, para ilustrar a situação:

Direitos humanos dizem respeito à garantia de não ser assaltado e morto, de professar a religião que quiser, de abrir um negócio, de ter uma moradia, de não morrer de fome, de poder votar e ser votado, de não ser escravizado, de poder pensar e falar livremente, de não ser preso e morto arbitrariamente pelo Estado, de não ser molestado por sua orientação sexual, identidade, origem ou cor de pele.

Mas devido à deformação provocada por políticos escandalosos, líderes espirituais duvidosos e formadores de opinião ruidosos, a população acha que direitos humanos dizem respeito apenas a ''direito de bandido'', esquecendo que o mínimo de dignidade e liberdade do qual desfrutam estão neles previstos.

O mundo, ainda em choque com os horrores da Segunda Guerra Mundial, produziu a Declaração Universal dos Direitos Humanos para tentar evitar que esses horrores se repetissem. De certa forma, com o mesmo objetivo, o Brasil, ainda olhando para as feridas de 21 anos de ditadura militar, sentou-se para escrever a Constituição Federal de 1988 – que não é um documento perfeito, longe disso. Mas, com todos seus defeitos, ousa proteger a dignidade e a liberdade de uma forma que se hoje sentássemos para formula-lo, não conseguiríamos.

É depois de grandes momentos de dor que estamos mais abertos para olhar o futuro e desejar que o sofrimento igual nunca mais se repita. Desde então, não vivemos uma guerra como aquela entre 1939 e 1945, muito menos um período de exceção quanto 1964 e 1985. Acabamos nos acostumando. E esquecendo. E banalizando.

Minha geração herdou esses textos – um de nossos avós e outro de nossos pais. Agora, precisamos ensinar à geração de nossos filhos sua própria história sob o risco de que o espírito presente em 1948 e 1988 se perca por desconhecimento. O problema é que parte da geração que ajudou a escrever a Declaração Universal bem como a Constituição de 1988 se esqueceu por completo dos debates que levaram até elas, em nome do poder.

O mundo está em convulsão, com guerras, ataques terroristas, crises migratórias, catástrofes ambientais. O Brasil passa por um período sombrio, com um Palácio do Planalto castrador de direitos, o pior Congresso Nacional de todos os tempos (que está aprovando leis que retiram, à luz do dia, direitos de trabalhadores, mulheres, populações tradicionais, minorias) e um Poder Judiciário que, por vezes, faz política ao invés de resguardar a Justiça.

Contudo, é exatamente nestes momentos que precisamos nos lembrar da caminhada que nos trouxe até aqui. Para ter a clareza de que, mais importante do que reinventar todas as regras, é tirar do papel, pela primeira vez, a sociedade que um dia imaginamos frente aos horrores da guerra ou da ditadura. O que só se fará com muito diálogo e a garantia desse quinhão mínimo de dignidade que todos têm direito por nascerem humanos.

Só assim frases como as que podem ser lidas abaixo deixarão a boca das pessoas para cair no esquecimento. Frases que, não raro, nós falamos sem perceber, guiados pela nossa ignorância, medos e preconceitos. Até que sejamos devidamente educados para o contrário.

– Amor, fecha rápido o vidro que tá vindo um ''escurinho'' mal encarado. – Aquilo são ciganos? Vai, atravessa a rua para não dar de cara com eles! – Não soupreconceituoso. Eu tenho amigos gays. – Tá vendo? É por isso que um tipo como esse continua sendo lixeiro. – Por favor, subscreva o abaixo-assinado. É para tirar esse terreiro de macumba de nossa rua. – Bandido bom é bandido morto. – Tinha que ser preto mesmo! – Vestida assim na balada, tava pedindo. – Por que o governo não impede essas mulheres da periferia de ter tantos filhos assim?. Depois, não consegue criar e vira tudo marginal. – Mulher no volante, perigo constante. – Sabe quando favelado toma laranjada? Quando rola briga na feira. – Os sem-teto são todos vagabundos que querem roubar o que os outros conquistaram com muito suor. – A política de cotas raciais é um preconceito às avessas. Ela só serve para gerar racismo onde não existe. – Ai, o Alberto, da Contabilidade, tem Aids. Um absurdo a empresa expor a gente a esse risco. – Esse aeroporto já foi melhor. Hoje, tem cara de rodoviária. – Por mim, tinha que matar mulher que aborta. Por que a vida do feto vale menos que a da mãe? – Os índios são pessoas indolentes. Erram os antropólogos ao mantê-los naquele estado de selvageria. – Criança que roubou não é criança. É ladrão e tem que ir para cadeia. – Tortura é método válido de interrogatório. – Um mendigo! Vamos botar fogo nas roupas dele. Assim ele aprender a trabalhar. – Pena de morte já. – Eutanásia? Pecado. A vida pertence a Deus, não a você. – Temos que tirar essas regalias trabalhistas. O Brasil não aguenta crescer com tantos custos engessando o desenvolvimento.

Por fim,  gostaria de dar parabéns a todos que veem tudo isso acontecer ao seu redor, mas preferem ficar na ignorância quentinha de sua bolha na rede social porque pensam que o mundo lá fora é a barbárie. Afinal, a ignorância coletiva precisa, para se reproduzir, do silêncio dos que têm consciência, mas não falam.

E o silêncio é sentença de morte dos direitos humanos. (Por Leonardo Sakamoto, em seu Blog).

Marielle Franco. (Foto: Reprodução/ Blog do Sakamoto).


Atos em memória de Marielle e Anderson reúnem consternação, perplexidade e revolta


O silêncio ultrapassa os militantes identificados com o Psol, partido da vereadora.
(Foto: Reprodução/ Facebook/ Luis Paiva).


Em diversas capitais do país, muitas pessoas choram a execução da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ). "Ousou percorrer um caminho que não foi construído para mulheres como ela. Tentam calar a voz"

Em silêncio, sem trocar palavras, muitas pessoas se abraçam e choram, se amparando mutuamente. O sentimento ultrapassa os militantes identificados com o Psol, partido da vereadora Marielle Franco, 38 anos, assassinada ontem no Rio de Janeiro. Entre camisetas, broches e cartazes de movimentos sociais e partidos, circulavam pessoas aparentemente não engajadas, com expressões de tristeza, indignação, perplexidade.

Muitas andam caladas, sozinhas. Outras se abraçam como que se solidarizando mutuamente pela dor de cada uma. Abraços e lágrimas. Cenas semelhantes em São Paulo, no Rio de Janeiro, em diversas cidades do Brasil e do mundo percorrem as redes sociais. Na Argentina, o movimento Mães da Praça de Maio mandam sua mensagem.

A professora da rede municipal de São Paulo Silvia Ferraro lembra a repressão desta quarta-feira (14), na Câmara de Vereadores, quando servidores municipais tentavam barrar a aprovação da proposta do prefeito João Doria (PSDB) que altera regra para a aposentadoria dos trabalhadores do município. “Com isso já estamos acostumados. Mas o sangue derramado de uma companheira nos deixa muito abaladas. Marielle não se curvou diante das atrocidades contra o povo pobre das favelas do Rio. Foi executada. Executada! Se quisermos honrar Marielle, não podemos sair das ruas. Temos que continuar a luta.”

A vereadora paulistana Sâmia Bomfim, do Psol, afirmou que nunca poderia imaginar ocupar o Masp, palco de tantas manifestações, porque “uma de nós foi tombada pelo Estado”. “A Marielle ousou percorrer um caminho que não foi construído para mulheres como ela. Tentam calar a voz das mulheres. Vão ter que calar milhões e não vão conseguir.”

Ela lembrou o motorista Anderson Pedro Gomes que foi executado junto com a vereadora. “A Marielle e o Anderson ousaram defender a vida de outros e outras. Tem nome quem apertou o gatilho. Marielle era negra como muitas aqui, feminista como muitas aqui, pobre como muitas aqui. Não vamos nos curvar.”

A ativista Diana Assunção, do grupo de mulheres Pão e Rosa disse tratar-se de um “assassinato com a intenção de calar a luta das mulheres, a luta de quem denuncia o extermínio cometido por policiais”. (Com informações da RBA).


Milhares de manifestantes se reuniram  em frente a Assembleia Legislativa  do Rio de Janeiro. (Foto: Mídia Ninja).

O silêncio eloquente de Bolsonaro diante da morte de Marielle



O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), eleito pelo Rio de Janeiro, mesmo estado onde foi assassinada a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes na noite desta quarta-feira 14, não disse uma palavra sobre o caso nesta quinta-feira 15.

O parlamentar, cuja figura foi criada como resultado de um clima de ódio no País, ainda quer ser presidente da República. A agenda principal de Bolsonaro é a segurança pública e o uso da força militar contra o crime organizado.

O assassinato de Marielle e Anderson tem todas as indicações de uma execução política. Os autores de ao menos nove disparos contra o carro onde estavam os dois apenas emparelharam o veículo, dispararam e saíram sem roubar nada.

O caso tem tido grande repercussão internacional e mobilizado boa parte da população em diversas cidades, que protesta contra esse crime bárbaro. O acontecimento pode ser também a derrota de Bolsonaro, que se cala sobre os assassinatos que ocorreram em sua cidade. (Com informações do Brasil 247).

(Foto: Reprodução/ Brasil 247).


Não fique no meu túmulo a chorar, eu não estou lá: em memória de Marielle



Esta semana, um aluno, ao se encontrar com um estudante negro, disse: achei um escravo. Marielle foi executada. EXECUTADA, sim. Um professor confessou: odeio pretos!

Nós compartilhamos cada uma dessas notícias. Durante esses dias, nós #FomosTodos: o estudante da FGV, Marielle e a favor da exoneração professor racista. Hoje #TodoSomos.

Nos meses anteriores:

– as cotas em diversas Universidades públicas foi fraudada e você se calou quando houve fraudes no sistema de cotas raciais na sua universidade;

– falou que não acredita que jovens negros morrem mais. Afinal, existem mais negros na periferia, e na periferia as pessoas morrem;

– relativizou quando mulheres negras saíram em defesa dos homens negros que foram achincalhados por mulheres brancas racistas (o caso dos rappers);

– falou que a Taís Araújo estava fantasiando sobre o racismo estrutural do Brasil, quando disse em sua palestra que seu filho tem mais chances de ser parado pela polícia e de ser assassinado.
– usou Fernando Holiday e Luislinda Valois como exemplo para falar sobre questões raciais;

– achou o cúmulo da vitimização uma mulher negra com o cabelo “armado” reclamar que não conseguia emprego por conta do racismo.

Não se engane! O prego que hoje fecha o caixão dos corpos negros recebe uma martelada sua. A indignação seletiva alimenta a estrutura política, social e econômica que permite que essas atrocidades continuem a acontecer.

Não adianta gritar fora golpista neste momento, o genocídio da população negra não começou com o impeachment. Marielle cai como os seus, ao longo dos séculos, vêm caindo. (Por Pâmela Guimarães-Silva , no  Portal Geledés).


(Foto: Reprodução/ Geledés).

Morte de Marielle Franco, uma das vozes mais ativa contra a ocupação militar, repercute na imprensa internacional



O assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), ocorrido na noite desta quarta-feira (14), no Rio de Janeiro, repercutiu nos principais jornais do mundo. Veículos de Estados Unidos, Reino Unido e Venezuela destacaram a morte da parlamentar e sua biografia.

O caso apareceu em reportagens do New York Times, do Washington Post e da emissora ABC. "Um membro da Câmara da cidade e seu motorista foram mortos a tiros por dois assaltantes não identificados em uma rua no centro, no Rio de Janeiro, a segunda maior cidade do Brasil, onde militares foram convocados há um mês após uma onda de violência", diz o texto, que tem como origem a agência Associated Press.

Já a emissora multiestatal venezuelana teleSUR lembrou que Marielle era uma das vozes mais "combativas contra a ocupação militar das favelas do Rio de Janeiro". "Um dia antes de seu assassinato, a jovem socióloga havia denunciado a ação brutal e os contínuos abusos de direitos humanos por parte do exército na região de Irajá, na comunidade de Acari", relata.

O britânico The Guardian ressalta que Marielle era ativista e especialista na análise de violência da PM. Além disso, o jornal reforça que a vereadora chegou a acusar os policiais de serem agressivos ao abordar os moradores das favelas do Rio. "Marielle Franco, vereadora e crítica da polícia, é executada a tiros no Rio", diz o título da matéria.

O jornal peruano El Comercio, por sua vez, relatou o crime e ressaltou que a vereadora era crítica da intervenção federal na Segurança Pública do estado.

Já o veículo português Esquerda.net afirmou que o Movimento Feminista Por Todas Nós vai organizar uma vigília em Lisboa para homenagear Marielle, o que deve ocorrer no próximo dia 19.

Marielle, 38 anos, estava dentro de um carro no bairro de Estácio, centro da capital fluminense, quando criminosos emparelharam o veículo e abriram fogo. Foram disparados ao menos oito tiros contra o Chevrolet Agile. O motorista do automóvel onde estava a carioca, Anderson Pedro Gomes, também morreu. Os autores dos disparos não levaram nada. (Com informações do Opera Mundi e da RBA).

The Guardian ressalta que Marielle era ativista e especialista na análise de violência da PM.
(Foto: Guilherme Cunha/ ALERJ).