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Segundo cientistas políticos, manifestações podem mudar decisões sobre impeachment



As manifestações ocorridas na última semana em diversas cidades do país, contrárias ao processo de impeachment, poderão mudar a percepção de que havia uma opinião predominante no país, favorável ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff, e até influenciar na decisão dos parlamentares sobre a questão. A avaliação é da professora Helcimara Teles, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Frente Brasil Popular e Frente Povo sem Medo durante protesto esta semana em defesa da democracia e contra o golpe. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil.
Os movimentos estão reenquadrando a percepção que era vista como hegemônica, de que toda a opinião pública era favorável ao impeachment. Existem várias opiniões no Brasil favoráveis ao impeachment, mas existem outras também que tratam o impeachment como um golpe”, explica.

Segundo a professora Helcimara, as manifestações contrárias ao impeachment podem também influenciar nas decisões dos parlamentares em relação ao processo que está em curso no Congresso Nacional. “Uma parte significativa dos políticos brasileiros se pauta muito pela opinião pública, não se baseia em um programa, é muito flexível aos humores da opinião pública. Como se nota o crescimento desses grupos contra o golpe, uma parte da classe política pode recuar um pouco em relação a votar pelo impeachment.”

A professora de ciência política da Universidade de Brasília (UnB) Flávia Biroli também acredita que os movimentos contra o impeachment podem ter um efeito na construção de um novo clima de opinião pública e também no cenário político. “Quando diferentes movimentos sociais vão para a rua dizendo que isso é um golpe, isso pode ter um efeito para os parlamentares e também pode ter um efeito indireto, incidindo sobre a opinião pública e mudando o clima político. Por mais que a grande mídia tenha trabalhando para construir um significado único para essa situação, ela não tem um significado único.”

Meios de comunicação

Para a professora Flávia, os meios de comunicação atuam na retratação dos movimentos sociais favoráveis e contrários ao impeachment. “Quando existem as manifestações conta o governo, elas são apresentadas como manifestações das pessoas, dos brasileiros, embora a gente veja lá entidades como a Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo]. Quando são manifestações contra o impeachment, a posição é outra, é como se fosse o PT, e isso não é verdade, o que a gente tem é um conjunto de movimentos sociais, de segmentos de esquerda preocupados com a nossa democracia.”

Helcimara Teles também avalia que há um problema de enquadramento da mídia sobre as manifestações. Segundo ela, as manifestações contrárias ao impeachment são formadas não apenas por integrantes de partidos políticos, mas por pessoas de todos os segmentos da sociedade. “A sociedade que estava apática quebrou a espiral do silêncio. Existe uma massa grande de pessoas de todos os segmentos, de todas as classes que estão retomando uma luta pela democracia inclusive de forma autônoma e desvinculada de partidos políticos.”

Professor de Sociologia dá aula de política na e para a Rede Globo



O professor Vitor Amorim de Angelo, da Universidade de Vila Velha, tem mestrado e doutorado em Ciências Sociais e Políticas com passagem pelo Centre d’Histoire do Institut d’Études Politiques de Paris (SciencesPo).

Professor Vitor. Imagem capturada do vídeo exibido de forma
inicial no Blog da Maria Frô. 
É também pesquisador do Institut des Sciences Sociales du Politique da Université de Paris Ouest-Nanterre La Défense. Apesar desse currículo, expressa-se com muita clareza (uma raridade para acadêmicos brasileiros). Pensa bem e articula bem.

Vitor fez uma participação num telejornal da Globo que foi fruto, provavelmente, de um erro da produção. O fato é que ele não deverá voltar tão cedo. A não ser que mude de ideia.

O vídeo foi postado no blog da Maria Frô. No Bom Dia ES, foi convidado a comentar a manifestação do dia 15 de março e, no bojo disso, a corrupção. Ao invés de concordar com as teses do apresentador — o clássico: PT inventou a roubalheira, os protestos eram apartidários etc —, Vítor ofereceu alguns instantes de sobriedade, perspectiva e imparcialidade.

                           

Esse problema não ataca apenas o executivo. Não é só na política, mas na sociedade. A corrupção está disseminada. Não significa diminuir a culpa de ninguém. Apenas tratar um problema complexo da maneira como ele deve ser tratado. Ao colocar a culpa só no executivo, nós terminamos mascarando a questão”.

Opa. Alguém falando em complexidade?

Num determinado momento, o entrevistador aborda a entrevista dos ministros Cardozo e Rossetto após as manifestações. Rossetto afirmou que quem participou foram as pessoas que não votaram em Dilma. “Miriam Leitão disse que não é bem por aí. O senhor concorda com a Miriam ou com o ministro?”

O acadêmico concordou com o ministro, infelizmente, acrescentando alguns dados: eram eleitores de Aécio e de Marina, segundo uma pesquisa. Complementou: “A democracia, é bom lembrar, é um regime de confiança, não de adesão. Portanto, não é uma opção aderir ou não ao resultado. Você faz parte desse sistema político no qual ela é presidente. O inverso também é verdadeiro: você venceu, mas não pode deixar de governar para aqueles que não te elegeram”.

O jornalista centrou fogo no escândalo da Petrobras. Compassivo, Vitor voltaria ao seu ponto. “O que estou tentando dizer é que, num olhar um pouco mais refinado, a gente não pode reduzir a corrupção apenas ao PT”.

Vitor Amorim é sóbrio e ajuda a entender o momento político sem respostas óbvias e sem babar na gravata. Virtudes que o farão, provavelmente, nunca mais aparecer novamente para comentar qualquer coisa na Globo e congêneres. Pode ter sido ingênuo. Tendo a achar que foi corajoso.


É muito mais fácil convocar alguém como Marco Antonio Villa. Com historiadores como Villa, não há a menor chance de erro, não há espaço para a dúvida ou a reflexão. Villa é um mestre da simplificação rasteira. Onde há complexidade, ele traz uma explicação de bolso vagabunda. Desde a Babilônia, o culpado pelas tragédias da humanidade é o mesmo de sempre. Villa facilita o serviço de banalizar o mundo e entregar uma rapadura odiosa para a plateia, que a engole sem mastigar.

Na capital cearense, protestos viram atos contra impeachment de Dilma




Apesar das críticas a ações do atual governo, a maioria dos participantes da manifestação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Fortaleza, ontem, rebateu os pedidos de impeachment e saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff (PT). Os discursos cobraram ainda a reforma política e defenderam o fortalecimento da Petrobras. Amanhã, outro grupo de manifestantes ocupará as ruas de Fortaleza, pedindo a saída da presidente.

Manifestantes caminharam pela avenida Desembargador Moreira.
Houve protestos em 23 capitais brasileiras. De acordo com a CUT-CE, cerca de três mil pessoas estiveram no ato na Avenida Desembargador Moreira. Para a Polícia Militar, o número foi de 400 participantes.

Protesto

O tom das manifestações foi a defesa da Petrobras e a crítica a ajustes fiscais, que alteram direitos trabalhistas e previdenciários. Dezenas de movimentos e sindicatos aderiram à caminhada com bandeiras que iam desde a defesa da presidente ao pedido de redução no custo da energia.

A presidente da CUT-CE, Joana D’arc Barbosa, negou que a intenção do movimento fosse fazer defesa do atual governo. Mesmo assim, muitas pessoas vestiram camisetas com o nome da presidente e levaram cartazes com frases como “Xô, golpistas”, “Impeachment é meuzovo” e “o voto é legítimo, fica Dilma”. Houve vaia a quem fará protesto pelo impeachment no domingo.

O estudante de Direito, Anderson Campelo, 21, participou da manifestação. Criado em família com trajetória de militância política, Anderson defendeu que é necessário reconhecer os avanços para as classes mais pobres nos últimos anos e respeitar o que diz a Constituição sobre a soberania do voto.

Para a presidente da CUT-CE, o movimento em Fortaleza superou as expectativas. “Automaticamente esse movimento ganhou muito força pelas iniciativas de pedir a volta da ditadura militar e tentar encerrar um processo de democracia que está sendo construído”, completou a secretária de relações do trabalho da CUT, Graça Costa.

A manifestação foi pacífica e contou com o apoio da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) para orientar os desvios na avenida. Um grupo de jovens chegou a pichar o muro de um estabelecimento e o Batalhão de Choque foi acionado, mas não houve conflito. Amanhã, o protesto “Impeachment Já!” acontece às 10 horas, na Praça Portugal.