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'Fora, Temer!' ganha o carnaval e presidente é tema de marchinhas


Desde a sua abertura, na última sexta-feira (24), o bordão "Fora,Temer!" tornou-se a febre do carnaval 2017.  O cantor Russo Passapusso, da banda System, e Caetano Veloso provocaram os foliões de Salvador, que responderam à altura.

O presidente Michel Temer (PMDB), que descansava em
Salvador, é personagem de marchinhas e alvo de manifestações.
A banda baiana, aliás, está sendo ameaçada de ficar fora do carnaval do ano que vem. De acordo com o coletivo Jornalistas Livres, os puxadores do coro "Machistas, fascistas, não passarão", que foi seguido por um "Fora, Temer!", está na mira do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar).

Seu presidente, Pedro Costa, declarou ao jornal Correio que a banda pode sofrer punição e até ficar fora do próximo carnaval. Isso porque, segundo o coletivo, o código de ética do carnaval não permite usar o trio elétrico para atacar alguém.

Pedro Costa afirmou ainda "que não se pode transformar o carnaval em palanque político, a despeito dos vários artistas que, ao longo de muitos anos, pararam e continuam parando em frente aos camarotes para tecer elogios aos governantes da linhagem de Antonio Carlos Magalhães".

Ontem foi a vez da multidão de Belo Horizonte, que seguia o Bloco Síndico, gritar "Fora, Temer".

O presidente Michel Temer (PMDB), que descansa na base naval de Aratu com forte aparato de segurança para evitar a aproximação de fotógrafos, é personagem de diversas marchinhas.

Rádios Comunitárias são incluídas em medida provisória que anistia a perda dos prazos para renovação de outorgas


A noite do dia 21 de fevereiro de 2017 entrará para a história do radialismo comunitário no Brasil. Além da exaltação feita por diversos parlamentares, as Rádios Comunitárias foram, enfim, incluídas na Medida Provisória 747, que antes, anistiava apenas emissoras comerciais em relação a perda dos prazos para renovação de outorgas. Foi uma vitória não só deste sistema de comunicação, mas também das comunidades mais humildes de todos os recantos do Brasil. A voz do povo venceu mais uma vez. O relatório agora, segue para o Senado.


De acordo com o coordenador executivo da Abraço Nacional (Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária), Geremias dos Santos, a vitória fortalece bastante o movimento, pois foi construída com muita organização e mobilização em todo o país. “Desde quando nós tomamos conhecimento desta MP que não incluía as rádios comunitárias em outubro de 2016, nós começamos a mobilizar as Abraços estaduais e as rádios comunitárias para uma Assembleia Geral, que aconteceu em novembro. Traçamos então um plano de luta para inserir as rádios comunitárias nesta medida. Dessa assembleia solicitamos uma audiência pública através do senador Cidinho Santos (PR/MT), que se sensibilizou com as reivindicações e atendeu ao nosso pedido”, conta o dirigente.

Através da Audiência Pública que ocorreu no dia 6 de dezembro de 2016, a Abraço Nacional teve o direito de defender a inclusão das quase 5 mil Rádios Comunitárias nos benefícios da MP 747. Após a audiência e o recesso, a mobilização continuou em fevereiro, com a presença de radialistas e dirigentes da Abraço de todo o país em Brasília, para tentar salvar o funcionamento de quase 1.300 rádios comunitárias que perigavam perder suas outorgas e consequentemente fecharem as portas. Mas em um acordo com os demais parlamentares, o relator Nilson Leitão (PSDB) incluiu as rádios comunitárias no relatório para votação, que deu resultado favorável às emissoras do povo. “Esperamos agora, que as bases do governo respeitem as decisões apresentadas na Câmara dos Deputados, não vetando os artigos que beneficiem as rádios comunitárias. Até porque 1288 emissoras representam também a mesma quantidade de municípios, que têm como seus principais meios de comunicação, suas respectivas rádios comunitárias”, analisa Geremias dos Santos.

Atualmente, segundo a Abraço Nacional, 73% dos municípios brasileiros tem população de 1.000 até 20.000 habitantes. Todavia, nestas pequenas cidades, as rádios comerciais não tem interesse algum em montar suas emissoras. “Quem faz todo o trabalho de prestação de serviços nestas comunidades são as rádios comunitárias. Portanto, não é justo, que depois de conquistarmos quase 5 mil rádios em funcionamento, o governo queira vetar artigos que garanta a permanência destas emissoras. Temos outras revindicações importantes ainda. Queremos discutir em breve, a questão da sobrevivência financeira, o aumento da potência , mais frequência de canais para os municípios, o direito de formar redes para discutir os problemas dos municípios, dos estados e do Brasil”, ressalta o representante da Abraço Nacional.

Foto: Abraço Nacional



‘É preciso ensinar índios a pescar’, diz novo presidente da Funai



O novo presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Antonio Fernandes Toninho Costa, que assumiu o cargo em janeiro deste ano, provocou sua primeira polêmica frente ao cargo ao declarar, ao jornal Valor, que é preciso que as aldeias “sejam auto sustentáveis” e é preciso “ensinar os índios a pescar”.

Ainda na entrevista, Toninho Costa disse que o momento da “Funai assistencialista” não cabe mais. A afirmação não foi bem aceita pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). “Talvez ele pudesse inverter as palavras, deixar os indígenas ensinarem a Funai a pescar. Ele é que está chegando agora, então seria bom ensinar (a ele) o rumo, abrir o espaço para um diálogo com os povos indígenas que são aqueles que sabem para onde querem ir”, afirmou o secretário-geral do Cimi, Gilberto Vieir, em entrevista à TVT.

O secretário-geral do Cimi disse que a indicação de Toninho Costa, no primeiro momento, agradou os movimentos sociais que atuam junto aos povos indígenas e lembrou que o novo presidente da Funai viveu muitos anos em áreas de demarcação, trabalhando diretamente com os indígenas e possui comprovada formação acadêmica na área.

Entretanto, Gilberto lembra que a Funai terá dificuldade mais para atuar nas questões de saúde, educação e nos conflitos de terra em áreas críticas, como no Mato Grosso do Sul, pois a fundação atua com poucos colaboradores e um orçamento cada vez mais enxuto, por causa da política de cortes na área social promovidas pelo governo Temer. “Ele pega a Funai em um momento extremamente conturbado, na parte financeira, nas próprias iniciativas que o governo Temer tem feito, com uma portaria limita a demarcação de terra. É esse o contexto do presidente da Funai, que tem o orçamento reduzido”, explica.

O Cimi também chamou a atenção para a presença de Michel Temer, na sexta feira passada (17), no ato de posse do novo presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), agora sob o comando do deputado federal Nilson Leitão (PSDB-MT).

A aproximação de Temer com a bancada ruralista é sinal de que cada vez mais as demandas do agronegócio terão prioridade, em detrimento dos direitos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais. “Ele (Temer) declara que quando olha para o futuro, ele olha os ruralistas, ou seja, então se você trabalha para os ruralistas, você vira as costas para os povos indígenas.”


Cimi: "Talvez ele pudesse deixar os indígenas ensinarem a Funai a pescar e mostrar para onde querem ir".



13 de fevereiro: Dia Mundial do Rádio


Reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) como o veículo de comunicação de maior público do mundo, o rádio é celebrado de forma especial nesta segunda-feira (13). Trata-se de um "Dia Mundial" para lembrar como essas ondas sonoras prestam serviço, levam cultura e transformam vidas em todos os cantos, das mais populosas cidades aos menores rincões. 


A data, oficializada em 2012, lembra o marco de criação da Rádio das Nações Unidas, no ano de 1946. O tema para a edição do Dia Mundial do Rádio de 2017 é “O rádio é você!”, um chamado por maior participação das audiências e comunidades nas políticas e planejamento da radiodifusão.

"Estamos no ar"

Locutora Flávia Regina, do Jornal
"Notícias em Destaque", da Rádio Comunitária
Altaneira FM. Foto: Nicolau Neto.

Ainda que a história do rádio comece em 1863, com o surgimento da teoria da propagação de ondas eletromagnéticas, e se estabeleça em 1906, data em que se considera a primeira transmissão radiofônica do mundo, o rádio ainda é considerado dinâmico e atraente, mostrando-se adaptado às mudanças do século 21 e oferecendo novas formas de interagir e participar.

No Brasil, a primeira transmissão radiofônica oficial foi realizada no dia 7 de setembro de 1922, durante a inauguração da Exposição do Centenário da Independência na Esplanada do Castelo. Apesar de um grande acontecimento, a experiência não interessou muita gente. “Creio que a causa principal foram os alto-falantes, instalados na exposição. Ouvindo discursos e músicas, reproduzidos no meio de um barulho infernal. Era uma curiosidade, sem maiores consequências”, definiu Edgar Roquette-Pinto, considerado o pai do rádio. No ano seguinte, o próprio Roquette-Pinto criou a primeira estação de rádio, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. A emissora foi doada ao governo em 1936, tendo sido transformada na Rádio MEC, emissora gerida atualmente pela EBC.

No começo de 1923, desmontava-se a estação do Corcovado. E a da Praia Vermelha ia seguir o mesmo destino. O Brasil ia ficar sem rádio. Ora, eu vivi angustiado com essa história. Porque já tinha convicção profunda do valor informativo e cultural do sistema desde que ouvira as transmissões do Corcovado alguns meses antes. Resolvi interessar no problema a Academia de Ciências. Era presidente o nosso querido mestre Henrique Morize, eu era secretário, e foi assim que nasceu a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a 20 de abril de 1923.”

O mesmo Roquette-Pinto em 1953, na celebração de 30 anos do rádio: "tenho que agradecer..."

Eu vim aqui sobretudo, para lembrar, nesses 30 anos de rádio, todos aqueles que tiveram fé. Sim, porque a questão no começo era esta. Era inspirar confiança. E foi por isso que, desde o começo, eu não desejei que o nosso rádio começasse, como queriam alguns amigos, em bases comerciais. Porque começando em bases comerciais, nós tínhamos que dar logo o que fosse melhor, o que fosse perfeito. Porque não sendo perfeito, o homem que paga reclama.     

Rádio Nacional do Rio de Janeiro

Também pela EBC, atua a Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Criada em 1936, por uma empresa privada, foi estatizada em 1940, pelo presidente Getúlio Vargas, que a transformou na rádio oficial do Governo brasileiro. Referência de emissora para diversas gerações, a Nacional foi pioneira em diversas frentes: radionovela, radiojornalismo, show de calouros e programas de humor, além de ter inaugurado a primeira emissora de ondas curtas e ter sido a primeira emissora a ter alcance em praticamente todo o território do Brasil.

A credibilidade da Rádio Nacional do Rio de Janeiro ajudou a emissora a se estabelecer como fonte de informações ao longo das décadas. O radiojornal "Repórter Esso", por exemplo, adquiriu tamanho prestígio que as pessoas só acreditavam nas notícias quando eram divulgadas no programa, que iniciou sua transmissão na Nacional. Foi o caso do anúncio do fim da 2ª Guerra Mundial, em 1945. “Todo mundo só acreditou que a 2ª Guerra Mundial terminou depois que o Repórter Esso deu”, contou o radialista José Messias em programa que homenageou os 80 anos da Rádio Nacional.

Outro grande momento da Nacional em coberturas históricas foi na madrugada de 1º de abril de 1964, quando o Golpe Militar estava em andamento. A emissora exibiu, ao vivo, uma série de depoimentos sobre o fim da democracia, que se dava desde o dia anterior. Tomaram o microfone da rádio, entre outros, o ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro, o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), José Serra, o deputado federal por São Paulo Rubens Paiva e Carlos Lacerda, governador do Rio de Janeiro.

Época de Ouro do rádio

Anos 40 e 50: abertura da radionovela novela Direito de Nascer e do programa de auditório de César de Alencar:

Líder absoluta de audiência na época de ouro do rádio brasileiro (anos 40 e 50), a Nacional marcou, também, profundamente a história da vida artística brasileira. Grandes nomes da nossa música surgiram no rádio, como Carmem Miranda, Emilinha Borba, Marlene, Elis Regina, Cauby Peixoto, Silvio Caldas, Noel Rosa.   

Ao contrário do que se previa, a evolução das comunicações não trouxe o sepultamento do rádio. Durante seus mais de 100 anos de existência, ele adotou novas formas tecnológicas, invadindo a rede mundial de computadores e se digitalizando. Além disso, sua forma única de comunicação tem a vantagem de chegar a comunidades remotas e pessoas vulneráveis, e de atuar fortemente na comunicação de emergência e no alívio de desastres.




Altaneira foi o 2º município do cariri com o maior índice de chuva nesta segunda-feira (30)



Depois de registrar 59,0 mm na última terça-feira (24), a maior chuva já registrada em Altaneira neste mês de janeiro, os agricultores e agricultoras tem motivos para manter a esperança de um bom inverno, pois voltou a chover na cidade alta.

Segundo dados colhidos junto a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), Altaneira registrou entre às 7:00 da manhã do dia 30 ás 7:00 desta terça-feira, 31, a segunda maior chuva entre os municípios que compõem a região do cariri – 30,5 mm – atrás apenas de Nova Olinda com 42,0 mm.

No acumulado do mês, os altaneirenses já receberam 168,7 mm de chuvas. 

No acumulado de janeiro, Altaneira já registrou 168,7 mm. 

"Feminismo é algo que liberta homens e mulheres", diz Letícia Sabatella ao Brasil de Fato



Atriz fala sobre os desafios das mulheres na atual conjuntura de avanço do conservadorismo em entrevista ao Brasil de Fato.

Segundo o dicionário mais famoso do mundo, o Oxford, da Inglaterra, a palavra de 2016 foi “pós-verdade”. O adjetivo faz referência a "circunstâncias em que os fatos objetivos têm menos influência na formação de opinião pública do que os apelos emocionais e as opiniões pessoais", segundo o Oxford, que incorporou a palavra no dicionário depois dela ter sido exaustivamente usada nos jornais e redes sociais.

Em tempos de “pós-verdade”, conceitos já consolidados, assim como identidades e as conquistas, parecem suspensos no ar. Estão sendo atropelados pela cultura conservadora. Nesse contexto, pensar e discutir o feminismo é um desafio. Não por acaso, os direitos das mulheres foram os primeiros a serem atacados, mas também partiram das mulheres as lutas mais espontâneas e emblemáticas dos últimos dois anos. Foi assim com a “primavera das mulheres”, no Brasil, o movimento “Ni Una a Menos”, na Argentina, e mais recentemente a “Marcha das Mulheres”, nos Estados Unidos, contra o novo presidente Donald Trump.

Para falar sobre feminismo o Brasil de Fato entrevistou a atriz Letícia Sabatella. Ela foi uma das convidadas do evento Mulheres em Movimento, que está sendo realizado essa semana, no Rio de Janeiro, pela organização ELAS Fundo de Investimento Social. A atriz falou sobre os desafios que mulheres e homens devem enfrentar nesse momento de turbulências políticas e sociais no país.

Brasil de Fato - Qual é o papel do feminismo na conjuntura em que a gente vive no Brasil?

Letícia Sabatella - É a busca de equilíbrio para o que vem acontecendo. Nós somos as mais atingidas pelo modo neoliberal de pensar a sociedade, com alguns lucrando com a miséria e nenhum cuidado com o bem-estar social. A melhor coisa que alguém pode desejar na vida é abrir a porta de casa, sair tranquila, em paz, e saber que existe educação, saúde de qualidade, que vai poder crescer na vida. Estamos vivendo um tempo em que os valores individualistas parecem mais importantes que o coletivo. Não querem mais pensar coletivamente, isso virou uma coisa imoral. É nosso papel lutar contra isso e a favor de práticas amorosas.

Brasil de Fato - Toda mulher já sofreu algum tipo de machismo em algum momento da vida, senão durante a vida inteira. O mais te incomoda nessa questão do machismo?

Incomoda o tempo inteiro porque as pessoas introjetam o machismo. O machismo vai por dentro, vai minando nossas forças e daqui a pouco qualquer mulher pode introjetar o machismo, são limites que são impostos e incutidos na cabeça dela. Isso vem da cultura machista. A mulher precisa de mais possibilidades, mais liberdade. A sociedade tem que dar mais poder à mulher, mais possibilidades de realização de sonhos diversos e nos liberar de todas essas ideias que nos oprimem e permitir à mulher ter conhecimentos diversificados.

Brasil de Fato - Aquela vez em que você sofreu uma agressão na rua, de manifestante pró-impeachment, em agosto de 2016, em sua opinião, tinha algum viés machista?

Acho que tudo o que configurou o golpe foi machista, até a maneira como se referiam à presidenta Dilma era uma maneira muito misógina (de ódio e aversão à mulher). Tudo isso foi tirando qualquer questão legítima da pauta e foi entrando uma coisa que era embrutecedora. O que estava vindo era algo que fazia crítica de maneira estúpida, ignorante, sem escrúpulo, sem ética e muito destruidor. Quando penso em feminismo até acho que é um nome meio doido porque parece que pende para um lado da balança, mas na verdade ele equilibra a balança, que está pendendo demais para um lado só. Penso no feminismo como algo que não pertence apenas ao movimento de mulheres, pois é algo que liberta e melhora a situação de homens e mulheres.

Brasil de Fato - Gostaria que falasse também sobre seus trabalhos na atualidade e o que está planejando para esse ano.

Estou fazendo um monólogo (no teatro) que é Ilíada, junto com outros 24 atores, cada um fazendo um monólogo. Com esse trabalho, onde compus a trilha sonora com o Fernando Alves Pinto, concorremos ao Prêmio Shell (2014). Agora também estamos fazendo a Caravana Tonteria (um show musical com intervenções teatrais) com algumas músicas próprias e algumas escolhidas. Esse ano estamos ainda com alguns projetos para continuar fazendo a peça A Vida em Vermelho de Edith Piaf e Bertolt Brecht (peça de Aimar Labaki que narra um encontro fictício entre a cantora e o dramaturgo). Vou fazer uma participação na minissérie Carcereiros, na Globo (baseada no livro homônimo do médico Drauzio Varella, sobre o sistema penitenciário). Recentemente também fiz o filme Happy Hour, do diretor Eduardo Albergaria, em uma coprodução Brasil-Argentina.

Brasil de Fato - Por fim, queria que você deixasse uma mensagem para todas as pessoas que estão resistindo e lutando contra retrocessos.


Tenho recebido tanto afeto, tanto amor, tanta adesão e tenho visto tanta gente linda e corajosa lutando que confesso que tenho esperança. Muitas conquistas serão inevitáveis diante do que tenho visto de luta, nisso tenho muita esperança. Me compadeço de todas essas perdas que a gente está tendo. Vejo as dificuldades que estamos vivendo, isso fica claro nas falas lindas de muitas mulheres do movimento negro, indígena, lésbica, movimentos populares importantes. Me emociono com todas elas, com todas as causas das mulheres trabalhadoras. Nossa resposta a tudo isso é o afeto e a reorganização desse feminino que incomoda tanto.

Letícia Sabatella: "Penso no feminismo como algo que não pertence apenas ao movimento de mulheres". / Cláudia Ferreira.

A mudança de gênero e etnia nos quadrinhos de super-heróis



Homem-Aranha, Capitão América e Thor são retratados de novas formas. Entenda a dinâmica das alterações e as críticas que elas despertam.

Não é recente a polêmica em torno da mudança de gênero e, principalmente, de etnia nas histórias em quadrinhos protagonizadas por super-heróis clássicos, como Homem-Aranha, Thor e Capitão América.
Do Nexo

Em 2014, uma mulher assumiu os poderes de Thor, deus do trovão na mitologia nórdica. Naquele mesmo ano, o Capitão América, antes branco e loiro, passou a ser negro. Em 2015, o personagem Peter Parker, o Homem-Aranha, morreu e foi substituído por um adolescente negro de 13 anos de origem hispânica, Miles Morales.

Um exemplo recente foi a substituição da etnia de personagens da série “The Flash”, da Warner Channel. A coadjuvante e histórica parceira romântica do herói, Iris West, na produção, passou de branca e ruiva para negra, assim como seu pai e seu irmão, Wally West, o Kid Flash. Outra mudança de gênero e etnia nos quadrinhos foi a da Capitã América do Futuro, que se tornou uma mulher negra, filha dos heróis Luke Cage e Jessica Jones (ambos representados em séries da Netflix).

Em que contexto essas mudanças ocorrem

As mudanças surgem em um contexto de globalização, crescimentos dos debates sobre relações raciais e de gênero e de uma demanda por mais representatividade. E não é só com os super-heróis. Em 2015, por exemplo, a boneca Barbie ganhou uma versão negra com cabelos trançados. Essas mudanças são reconhecidas pelos movimentos negro, feminista e LGBT.

Além de uma adaptação à demanda por mais representatividade, é comum que, de tempos em tempos, editoras como a Marvel e DC Comics reiniciem as histórias de seus heróis clássicos, apresentando novas origens, poderes, situações e, inclusive, mudando suas características. Algumas dessas mudanças — que não necessariamente estão ligadas a gênero, orientação sexual ou etnia — sofrem resistência de parte dos fãs mais puristas e promovem debates acalorados.

O quadrinista e editor brasileiro Rogério Campos afirma, porém, que as alterações ligadas à representatividade mexem com preconceitos dos leitores. “Acho que os fãs reagem forte porque quadrinho é um gênero que expressa o machismo”, disse Campos ao Nexo. “O quadrinho de super-herói foi criado para a ilustração de um romantismo de aço, masculinizante. O universo dos quadrinhos sempre foi dessa forma e a mudança é uma invasão ao mundo deles. É visível o desconforto desse caras em eventos, pela presença feminina”, afirmou.

Há dois anos, a Marvel introduziu a fase “All-New, All-Different” (Tudo novo, tudo diferente) em suas HQs, as histórias de super-heróis seguiram por universos paralelos onde os personagens se tornaram mais representativos, como a Mulher-Aranha grávida. As mudanças acompanham as duras críticas que a empresa sofreu em 2014 ao hiperssexualizar essa mesma personagem. Elas mostram um esforço da editora em se adaptar às novas demandas.

Quais são as críticas às mudanças

O quadrinista inglês John Byrne, responsável por histórias como “Quarteto Fantástico”, chegou a classificar mudanças de etnia de personagens como racista. Para ele, que é branco, delegar à etnia negra assumir heróis que são originalmente brancos é, também, uma forma de racismo. No entanto, ativistas do movimento negro discordam e comemoram as mudanças.

Byrne chegou a questionar, entre 2014 e 2015, se a mudança de etnia do personagem Tocha Humana, no filme mais recente do “Quarteto Fantástico”, era realmente necessária ou se não seria “dar migalhas” a atores negros em vez de criar novos personagens para eles.

Ramon Vitral, responsável pelo blog “Vitralizado”, disse em entrevista ao Nexo que fãs, em especial os de quadrinhos, costumam ter atitudes conservadoras, esperando resultados próximos daquilo ao que já estão familiarizados, mas que isso está mudando. “É incrível quando o homem de ferro se torna uma mulher negra, quando o Hulk se torna um cara asiático. É preciso haver representatividade e identificação dos leitores, que não são apenas brancos, com os heróis”, disse.

A dinâmica das mudanças  

Maurício Muniz, jornalista especializado em cultura pop, disse ao Nexo que no universo das histórias em quadrinhos as produções são cíclicas e estão sempre em movimento, o que explicaria o surgimento de novos heróis e a inovação em histórias já conhecidas, para dar fôlego novo a personagens clássicos. “É uma característica das editoras fazer alterações nos personagens de tempos em tempos para chamar a atenção do público. Às vezes eles morrem, às vezes eles casam, às vezes eles mudam de etnia ou de sexo”, afirma.

O editor da Veneta explica que dentro das próprias produtoras existem conflitos e tensões quanto às mudanças. E que o objetivo de mercado, de buscar novos públicos, está posto e é transparente. “Existem várias complexidades nesse negócio. O fator determinante [para a indústria] é atingir novos públicos. Não existe movimento dentro da indústria que não seja nesse sentido. [...] porém, lá dentro, mesmo com vários impedimentos, há seres humanos, pessoas que se recusam a desenhar histórias sobre negros associados a pessoas ‘burras’, ou histórias que ridicularizam gays e mulheres”, conclui.

A DC Comics — criadora da Liga da Justiça, Super-Homem e Batman —, segundo Muniz, é pioneira nas mudanças e inovações no sentido de garantir maior representatividade em suas histórias:

As primeiras grandes super-heroínas e as personagens fortes surgiram na DC nos anos 1940, como a Mulher-Maravilha, a Mulher-Gato, a Tornado Vermelho e a Canário Negro. Nos anos 1950, veio a Supergirl, nos anos 1960 a Batgirl. Enquanto a Marvel, nos anos 1960, tinha pouquíssimas heroínas, a DC já tinha várias, com personalidades fortes, inclusive na Legião dos Super-Heróis, um grupo de heróis que tinha diversas mulheres, personagens de etnias diferentes e que, em algumas ocasiões, tinha mais mulheres que homens em sua formação.”

Em 2011, o manto do Homem Aranha foi passado para Miles Morales, um garoto negro e hispânico de 13 anos.
Foto: Reprodução/ Marvel.

Conheça a trajetória de Angela Davis: a mulher mais perigosa do mundo


Na última segunda-feira (26), a ativista e professora Angela Yvonne Davis completou 71 anos, um ótimo momento para relembrar a trajetória desta brilhante militante do coletivo Panteras Negras, que teve o seu nome, recentemente, alçado à fama mundial por conta do documentário Free Angela Davis, que trata do período em que esteve presa, o que provocou uma mobilização nacional pela sua libertação.

A mais perigosa

Angela Yvonne Davis é natural do estado do Alabama, considerado um dos mais racistas do sul dos Estados Unidos e, de acordo com a sua autobiografia, desde criança sofreu na pele humilhações racistas. Leitora voraz desde criança, aos 14 ganhou uma bolsa para estudar em Greenwich Village, em Nova Iorque, fato que transformaria a sua vida, pois é neste momento que ela entra em contato com as teses comunistas e inicia a sua militância no movimento estudantil.


Ainda nos idos de 1960, Davis tornou-se militante ativa do Partido Comunista e do Panteras Negras, que à época lutava para conquistar o apoio da sociedade para libertar três militantes negros que estavam presos: George Jackson, Fleeta Drumgo e John Clutchette, conhecidos como os “irmãos soledad”, já que estavam detidos na Prisão de Soledad, em Monterey.

Em agosto de 1970, o FBI (Federal Bureau of Investigation) incluiu o nome de Angela Davis na lista dos dez fugitivos mais procurados pelo FBI. Na mesma época, o presidente de então, Richard Nixon, chegou a declarar que “Angela Davis era uma ativista muito perigosa”. Assim, tornou-se a ativista negra classificada pelas forças estatais como a “mais perigosa” e “mais procurada”, pois estava em fuga.

No dia 7 de agosto, Jonathan Jackson, irmão de George, juntamente com outros dois companheiros, interromperam um julgamento onde o réu era o ativista James McClain, que respondia pela acusação de ter esfaqueado um policial. Jackson e os colegas conseguiram render McClain, porém, durante a fuga, houve troca de tiros e Jackson e um outro membro foram mortos. O juiz Harold Haley também acabou morto e as investigações levaram para o “fato” de que a arma utilizada por Jonathan Jackson estava registrada no nome de Angela Davis.

A prisão de Angela Davis foi decretrada e a fotografia de “procurada” estampada nas vias públicas e nos principais jornais. Após dois meses, Davis se entregou. O seu julgamento levou 18 meses, tempo em que esteve presa e que resultou no livro “Angela Davis – Autobiografia de uma revolucionária”. A campanha pela libertação de Angela Davis, que ganhou a chamada de “Free Angela Davis” teve forte repercussão na sociedade norte-americana e contou com o apoio de figuras como John Lennon e Yoko Ono e da banda The Rolling Stones, ambos compuseram músicas em homenagem a Davis.

Da luta racial para a luta da abolição

Em 1980 e 1984, Angela Davis foi candidata a vice-presidente da República pelo Partido Comunista dos EUA na chapa de Gus Hall. Desde a sua saída da prisão, Davis passou a entender o sistema carcerário como uma continuação das políticas racistas contra negros e imigrantes dos Estados Unidos. Desde então, seu ativismo político e acadêmico tem centrado fogo nesta questão.

Atualmente, a sua principal luta diz respeito à eficácia das políticas de cárcere. “O aprisionamento é a única maneira de tratar os crimes e as disfunções sociais? As despesas prolongadas com os aprisionamentos valem os benefícios momentâneos de supostamente deter o crime?”, questiona. Essa linha de pensamento é chamado por Davis de “democracia da abolição”.

A democracia da abolição é, portanto, a democracia que está por vir, a democracia que será possível se dermos continuidade aos grandes movimentos de abolição da história norte-americana, aqueles em oposição à escravidão, ao linchamento e à segregação. Enquanto a indústria do complexo carcerário persistir, a democracia norte-americana continuará a ser falsa. Uma democracia falsa desse tipo reduz o povo e suas comunidades à subsistência biológica mais crua, pois ela os exclui da lei e da sociedade organizada”, explica Angela Davis.

A ativista do abolicionismo do século XXI é muito objetiva ao dizer que é necessário desmantelar as ferramentas de opressão e não passá-las às mãos daqueles que a criticam. “O desafio do século XXI não é reivindicar oportunidades iguais para participar da maquinaria da opressão, e sim identificar e desmantelar aquelas estruturas nas quais o racismo continua a ser firmado. Este é o único modo pelo qual a promessa de liberdade pode ser estendida às grandes massas”, avalia Davis.

Angela Davis também é uma crítica ferrenha a situação das mulheres em cárcere e o assunto ganhou destaque desde a estreia da série Orange is the New Black, que trata do cotidiano de mulheres encarceradas. Em entrevista ao jornal Los Angeles Times, Davis foi questionada se assistia a série e qual era a sua opinião. “Eu não só assisti a série, mas li o livro de memórias [de Piper Kerman , que deu origem a série]. Ela tem uma análise muito mais profunda do que se vê na série, mas como uma pessoa que olhou para o papel das prisões femininas na cultura visual, principalmente filmes, acho que a série não é ruim. Há tantos aspectos que muitas vezes não aparecem em representações de pessoas nessas circunstâncias opressivas. Doze Anos de Escravidão, por exemplo, uma coisa que eu perdi naquele filme era uma sensação de alegria, alguma sensação de prazer, algum senso de humanidade”, critica Davis.




Volta a chover com intensidade em Altaneira e anima agricultores



Depois de oitos dias de intenso calor, voltou a chover forte entre a noite desta segunda-feira, 23 e o início da manhã de hoje, 24, no município de Altaneira.

As fortes pancadas de chuvas começaram por volta das 21h30 e se estendeu pela madrugada e início da manhã desta terça-feira. Segundo informações colhidas junto a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), os dados pluviométricos na cidade alta rendeu cinquenta e nove milímetros (59.0 mm). Foi a terceira maior chuva registrada dentre os municípios pertencentes a região do cariri. Apenas a Vila Sao Goncalo-marrocos, em Juazeiro do Norte (95.0 mm) e Aurora (61.0 mm) registraram precipitações maiores que as de Altaneira.

A chuva consegui animar os criadores de gado e agricultores que estão enfrentando enormes dificuldades para alimentar seus animais e para a prática da plantação. 


O Discurso de Angela Davis na Marcha das Mulheres (traduzido)


No dia 21 de Janeiro, centenas de milhares de mulheres mobilizaram-se em diversos países na Women’s March, por justiça social, direitos iguais e contra o avanço conservador no mundo sintetizado na figura de Donald Trump, agora Presidente dos Estados Unidos.

Tradução de Juliana Borges


Abaixo uma tradução, livre, que fiz do discurso de Angela Davis, filósofa e feminista negra. Um dos mais marcantes de toda a Women’s March.

 Em um momento histórico desafiador, vamos nos lembrar que nós somos centenas de milhares, milhões de mulheres, transgêneros, homens e jovens que estão aqui na Marcha das Mulheres. Nós representamos forças poderosas de mudança que estão determinadas a impedir as culturas moribundas do racismo e do hetero-patriarcado de levantar-se novamente.

Nós reconhecemos que somos agentes coletivos da história e que a história não pode ser apagada como páginas da Internet. Sabemos que esta tarde nos reunimos em terras indígenas e seguimos a liderança dos povos originários que, apesar da massiva violência genocida, nunca renunciaram a luta pela terra, pela água, pela cultura e pelo seu povo. Nós saudamos hoje, especialmente, o Standing Rock Sioux.

A luta por liberdade dos negros, que moldaram a natureza deste país, não pode ser apagada com a varredela de uma mão. Nós não podemos esquecer que vidas negras importam. Este é um país ancorado na escravidão e no colonialismo, o que significa, para o bem ou para o mal, a real história de imigração e escravização. Espalhar a xenofobia, lançar acusações de assassinato e estupro e construir um muro não apagarão a história.

Nenhum ser humano é ilegal!

A luta para salvar o planeta, interromper as mudanças climáticas, para garantir acesso a água das terras do Standing Rock Sioux, à Flint, Michigan, a Cisjordânia e Gaza. A luta para salvar nossa flora e fauna, para salvar o ar – este é o ponto zero da luta por justiça social.

Esta é uma Marcha das Mulheres e ela representa a promessa de um feminismo contra o pernicioso poder da violência do Estado. E um feminismo inclusivo e interseccional que convoca todos nós a resistência contra o racismo, a islamofobia, ao anti-semitismo, a misoginia e a exploração capitalista.

Sim, nós saudamos o ‘Fight for 15’. Dedicamos nós mesmas para a resistência coletiva. Resistência aos bilionários exploradores hipotecários e gentrificadores. Resistência a privatização do sistema de Saúde. Resistência aos ataques contra muçulmanos e imigrantes. Resistência aos ataques contra as pessoas com deficiência. Resistência a violência do Estado perpetrada pela polícia e através da indústria do complexo prisional. Resistência a violência de gênero institucional e doméstica, especialmente contra mulheres trans negras.

Direitos das mulheres são direitos humanos em todo o planeta. E é por isso que nós dizemos ‘Liberdade e Justiça para a Palestina!’. Nós celebramos a iminente libertação de Chelsea Manning e Oscar Lopez Rivera. Mas também dizemos ‘Liberdade para Leonard Peltier! Liberdade para Mumia Abu-Jamal! Liberdade para Assata Shakur!’

Nos próximos meses e anos nós estamos convocadas a intensificar nossas demandas por justiça social e nos tornarmos mais militantes em nossa defesa das populações vulneráveis. Aqueles que ainda defendem a supremacia masculina branca e hetero-patriarcal devem ter cuidado!

Os próximos 1459 dias da gestão Trump serão 1459 dias de resistência: Resistência nas ruas, nas escolas, no trabalho, resistência em nossa arte e em nossa música.

Este é só o começo. E termino nas palavras da inimitável Ella Baker: ‘Nós que acreditamos na Liberdade não podemos descansar até que ela seja alcançada!’ Obrigada.

(Angela Davis, Women’s March. 21.01.2017. Washington/EUA)

A diferença que a cor faz na infância



O Brasil é um país racista. Assim sendo, ser negro por aqui é ser obrigado a lidar com o racismo desde muito cedo. São recorrentes situações em que a cor da pele é fator determinante para que meninas e meninos estejam expostos à discriminação.


Todos nós sabemos que as relações étnico-raciais são permeadas pelo preconceito. Na infância, este processo de desvalorização interfere diretamente na construção da identidade da criança, inclusive no processo de autoafirmação.

Na escolinha que estudava bem pequena, uma menina disse que eu era negra porque eu caí em um balde de tinta, depois as ofensas com meu cabelo que sempre foi black” foi o que Mc Sophia nos contou ao relatar o seu primeiro contato com o racismo ainda pequena.

O racismo é muito ruim. Para mim, não é infantil ou adulto, ele é geral, mas a criança tem o primeiro contato com ele na escola e isso é muito forte, pois é um lugar que tem o papel de ensinar. Infelizmente, mesmo com a lei que obriga o ensino de história africana desde a creche, isso não acontece, então o racismo é muito pesado para todos” ressaltou a jovem rapper, que a partir das ofensas, decidiu cantar hip hop. Soffia acredita que sua música pode, aos poucos, mudar esse quadro opressor.

MC Soffia, rapper, que desenvolve um trabalho de empoderamento e combate ao racismo. Ela tem apenas 12 anos.
Foto: Acervo Pessoal.

Para a pedagoga Migh Danae a questão requer mais debate e, principalmente,escutar o que os pequenos têm a dizer. “É importante que as crianças possam ser ouvidas sobre esses assuntos. Que possam dizer como se sentem, o que pensam sobre racismo e como elas resolvem estes problemas quando eles surgem. É importante que campanhas antirracistas sejam lançadas nas escolas e em outras instituições. Que estas ações educativas possam alcançar crianças de todas as idades, porque há uma ideia de que crianças muito pequenas não são racistas” ressaltou.

Migh Danae possui um trabalho voltado para essa temática “Fiz uma pesquisa com crianças negras pequenas de quatro anos, mas não é direcionado a discussão sobre racismo e infância, mas sim, raça e infância, já que eu evidencio a questão da raça no trabalho. A ideia é falar sobre as crianças negras a partir, não apenas do que lhes falta, mas também como seguem sendo crianças negras e sobrevivem ao racismo

Representatividade positiva

Mc Soffia lembra da importância da representatividade positiva e dá dicas para combater o racismo. “Estudem muito sobre a cultura negra, pois nossa cultura é linda e teve muita gente importante que ajudou na construção desse País, e, sobretudo não fiquem tristes com o racismo, pois estamos aqui para lutar contra ele”.

Embora tenha aumentado a representação de personagens negros nos meios de comunicação, os papéis, na maioria das vezes, são coadjuvantes, com pouco ou nenhum destaque.

Na Bahia, as irmãs Patrícia e Adriana Santos Silva, criaram a Ka Naombo, empresa especializada na produção de bonecas negras de pano, com o objetivo de criar um parâmetro para crianças que não se veem representadas.

Costumamos falar que a Ka Naombo é o nosso sonho de criança realizado, pois ele iniciou ainda na nossa infância, há 28 anos atrás, quando começamos a perceber que havia algo de muito estranho com nossas filhas (bonecas) por elas não serem parecidas conosco e nem com ninguém da nossa família”, conta Patrícia.

Alguns clientes chegam até mesmo a questionar o porquê de não haver bonecas brancas e, sim, apenas negas malucas. As exposições acabam se tornando espaços de debate, conversas, trocas de experiências e conscientização sobre as questões do racismo em nosso país. Principalmente quando vamos explicar para os clientes as denominações de cada modelo das bonecas expostos. Esses nomes atribuídos a cada boneca se deram pela necessidade de ‘protestar’ contra uma ‘convenção’ social de que as bonecas de pele negra são todas negas malucas”.

Por fim, Patrícia expõe o principal interesse da Ka Naombo. “Sabemos que o caminho é longo e cheio de obstáculos, porém, cada oportunidade que temos de conversar, questionar, promover reflexões e esclarecimentos sobre as diversas formas de manifestação do racismo ‘à brasileira’, a sua ação nociva na construção da autoestima dos afrodescendentes, e que isso provoque de alguma forma modificações na maneira dessas pessoas virem a si próprias e o mundo que o cerca, sentimos de alguma forma, mesmo que por vezes imperceptíveis a olho nu, que a nossa missão está sendo cumprida” finalizou.

VII Caminhada pela Liberdade Religiosa é realizada em Juazeiro do Norte



O Município de Juazeiro do Norte, localizado na região metropolitana do Cariri, sul do Estado do Ceará, foi palco de um importante evento na última sexta-feira, 20, da VII Caminhada Pela Liberdade Religiosa.

Com o subtema “Pelo Respeito a Diversidade e o Direito à Liberdade de Crença”, o encontro teve concentração às 14h00 na praça da prefeitura seguindo às ruas onde os terreiros de matrizes africanas exigiram justiça em um ato de fazer política como deixou entrever membra do Grupo de Mulheres Negras Pretas Simoa, Karla Alves em seu perfil na rede social facebook.

Maria Eliana, do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec) ao compartilhar fotos na mesma rede social afirmou que “a beleza, alegrias, danças, sorrisos e caminhada falam de uma realidade, existência ancestral e resistência...  Fala da Sua História, da História Afro-brasileira...

Fala de amorosidade e organização entre terreiros, religiões de matrizes africanas da região do Cariri...

Fala de des(construção) de entendimento negativo e coletivo da sociedade e convite à conhecimento e convivência positiva de forma respeitosa....

Fala de liberdade de existir, ser, exercer sua crença em mundo de diversidade religiosa.....” e concluiu ressaltando que o momento foi um convite à utopia e a esperança possível.